Parecia ser um dia
calmo na rotina do detetive Bony e do seu sócio, o detetive Menezes. Depois de
vinte dias de investigação, finalmente, as provas foram reunidas e o que já era
esperado, foi confirmado. O que era apenas uma suspeita de traição se tornou um
fato concreto, documentado através de fotos, vídeos e arquivos.
Um famoso empresário, do interior da Bahia,
havia contratado a dupla para descobrir se a esposa estava tendo um caso extraconjugal
com um colega de trabalho. “Passei quatro horas tentando acalmá-lo, quando ele
soube da traição. Ele queria sair pela porta e dizia que ia matar a esposa e o
amante”, conta o detetive Bony, em uma entrevista exclusiva para a equipe de
reportagem.
Depois de muita conversa, cafezinho,
analgésico e boa dose de paciência e jogo de cintura, finalmente os detetives
deixaram o cliente voltar pra casa, depois de garantir que não tomaria nenhuma
atitude precipitada. Histórias como essa fazem parte da rotina de quem decide
atuar no ramo da investigação. “Às vezes temos que ser ‘psicólogos’ também”,
diz Bony, lembrando que o trabalho de detetive pode ser uma profissão bastante
perigosa.
Para garantir a segurança dos profissionais,
todo relato estava sendo gravado durante a reportagem. Câmeras, microfones, GPS
e vários equipamentos ultramodernos, que não se encontram nem nos livros de
Agatha Christie, fazem parte do dia a dia dos Sherlock Holmes baianos.
Elementar, meu caro – Regulamentada desde
abril desse ano, através da lei 13.432/2017, a profissão de detetive particular
tem sido cada vez mais procurada para elucidar casos de supostas traições,
desaparecimento de pessoas, atitudes estranhas de filhos adolescentes, roubos,
furtos, comportamentos suspeitos de babás e até mesmo inadimplência e
investigações criminais, com autorização da delegacia regional.
Os casos extraconjugais estão no topo da
lista dos mais procurados. “Os homens nos procuram mais do que as mulheres”,
afirma o detetive. “As mulheres estão traindo muito mais. Há estatísticas
provando que Salvador e Belo Horizonte são as capitais com o maior número de
casos de infidelidade. Quando os maridos nos procuram, eles já têm quase
certeza, mas querem provas”, garante.O detetive conta ainda que há mulheres que
deixam o carro no estacionamento do shopping, fingem que estão fazendo compras
e vão encontrar com o amante.
Com 22 anos de profissão, as histórias são as
mais diversas possíveis, mas uma, especial, ficou na memória do detetive Bony.
Certa vez, ao ser contratado para investigar um caso extraconjugal, descobriu
que o marido investigado ia sempre ao motel, uma vez na semana, no mesmo
horário, e se trancava em um quarto, sozinho. Depois de algum tempo, os
detetives descobriram que ele mantinha relações sexuais com uma boneca
inflável.
Há também os casos em que o cliente que
‘cria’ a amante. Eles insistem que estão sendo traídos e se a gente não
descobre nada, eles acham que o trabalho não foi bem feito. Inclusive,
enviávamos um relatório por dia, mas agora, optamos por enviar o relatório
somente no final da investigação”, conta. “Olha só quantas mensagens de
clientes em meu WhatsApp”, desliza o dedo, rapidamente, na extensa lista de
conversas.
Carreira – Depois de fazer um curso de
detetive em São Paulo, cidade onde morava, Bony veio para Salvador em 1997,
quando decidiu abrir a Academia Federal de Investigação (AFI Brasil).
“Sempre gostei de investigação e percebi a
carência do ramo aqui. Hoje tenho 18 agências que trabalham pra mim. São
profissionais espalhados em todo interior da Bahia, além de outros estados do
Brasil”.
A diária do serviço varia entre R$ 1.000 e R$
1.200, mas alguns pacotes podem ser feitos. Cinco dias, custam R$ 3.500; dez
dias, R$ R$ 4.500; vinte dias, R$ 6.500; e trinta dias, pode chegar a R$ 7.500.
“Pagamento à vista tem 10% de desconto”, lembra o detetive.Os nomes verdadeiros
dos profissionais não foram revelados. “Moro no mesmo bairro há anos, mas
ninguém sabe o que eu faço. Somos empresários. Não acho ético revelar nossa
profissão, pois é importante manter o sigilo”, avalia.
Enquanto alguns
preferem não mostrar o rosto, outros, são mais conhecidos que James Bond, do
filme 007. Quem pensa que o Federal Bureau of Investigation (FBI), a famosa
unidade de polícia do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, só funciona
em terras gringas, irá se surpreender ao encontrar um anúncio do departamento
de investigação norte-americano, bem ali, a 110 km de Salvador, no município de
Feira de Santana, carinhosamente chamada de ‘Princesa do Sertão’.
“É FBI Bahia mesmo. É registrado. Tem nos
Estados Unidos e aqui”, garante José Pedro Pereira Nunes, mais conhecido como
detetive Dé.
Quando tinha apenas 21 anos, ele trocou uma
promissora carreira de jogador juvenil do Palmeiras, pelo ramo da investigação.
Ao parar de correr atrás da bola para correr atrás de “pessoas erradas”, como
ele mesmo diz, detetive Dé viu sua carreira deslanchar e se tornar um dos
detetives mais reconhecidos da Bahia.
“Atualmente, fiscalizo uma equipe de mais de
200 detetives, espalhados pela Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro. Só em
Salvador, eu tenho mais de 80 profissionais que trabalham pra mim”, diz, aos 56
anos de idade.
Em entrevista para o Varela Notícias, ele
lembra do seu primeiro caso. “Meu primeiro cliente me contratou para descobrir
se o filho estava andando errado. É muito importante que os pais fiquem atentos
a isso”, alerta. “Também já investiguei muito caso extraconjugal. Uma vez, uma
senhora me contratou porque achava que o marido estava com outra, mas vi o
marido entrando no motel com um homem. A família ficou arrasada”, lembra.
Segundo detetive Dé, o preço de cada
investigação varia entre 5 e 15 mil. “Crimes e casos de desaparecimento fora do
estado são mais caros, mas eu também ajudo famílias carentes. Às vezes tiro até
do meu bolso. Esse trabalho só me dá prazer. Trabalho por amor e gosto de
ajudar os outros. É algo que vem de Deus”, afirma, com a certeza de cumprir a
missão de desvendar a verdade.
CHICO SABE TUDO
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