O deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) foi acusado de aplicar golpes em uma reportagem do Fantástico, que ouviu 25 pessoas que se dizem vítimas de promessas não cumpridas de investimentos prometidos pelo parlamentar, quando ainda morava nos Estados Unidos, até o ano passado. O argumento deles é de que o retorno financeiro não se concretizou. O parlamentar sustenta que tudo está sendo pago em seu devido tempo, rechaçando a possibilidade de ter dado calote nos clientes. Do total de entrevistados pela reportagem, 11 gravaram entrevistas, sendo que nove preferiram não se identificar. Os únicos que aceitaram são Francisco Martins, identificado como um ex-funcionário, e Sandro Silveira, um empresário que alega ter investido R$ 150 mil. Ele afirmou ter comprado de Miranda um curso no valor de R$ 1,2 mil, parcelado em 12 vezes.
O
deputado vendeu mais de 8 mil cursos, chamado Os Segredos da América.
Nela, ele prestava consultorias sobre como entrar nos Estados Unidos
de maneira legal e chegar a morar lá, adquirindo um green card. A
ideia surgiu sobre como mostrar a possibilidade de crescer e
prosperar na maior economia do mundo. Em determinado momento, a
reportagem relata que ele chegou a trabalhar com o negócio de compra
e venda de veículos de leilão, com promessas, segundo Martins, de
promessa de lucro líquido por mês de 6%, em lucro que seria
dividido igualmente entre ele e o cliente.
O
ex-funcionário, que diz ter trabalhado por dois anos com Miranda,
diz que, no primeiro trimestre, o fundo de investimento não deu
lucro esperado, afirmando que o deputado teria apresentado dados
falsos. O Fantástico acrescenta
que que o resultado teria levado amigos e familiares dos clientes a
investirem também. À reportagem, ele alega que, se alguém cometeu
alguma fraude, é o próprio denunciante. “Pois era ele que
assinava, ele que preparava. Eu não sou especialista em números.
Ele era a pessoa que se responsabilizava por isso. Ele vai responder
por isso e vai responder de verdade”, sustentou Miranda.
A
reportagem do Fantástico não
relata o posicionamento do deputado em relação a Silveira, mas
Miranda sustenta, em prints de conversas pelo WhatsApp, que, em 3 de
julho de 2018, uma terça-feira, pediu a ele uma conversa pessoalmente para ter alguma oportunidade. “Bom dia, Luis, eu
preciso conversar com você, desabafar. Desculpe estar te contando
isso. Não sei por onde começar. Estou desesperado e com vergonha.
Quero conversar pessoalmente. O nosso ‘$$’ está acabando. Só
queremos uma oportunidade de trabalho, quero vencer aqui. Não quero
voltar para o Brasil.
Meu irmão já está querendo voltar. Desistir
de tudo o meu irmão”, disse. Em resposta, Miranda marca uma
conversa para quinta-feira.
Compromissos
Nos
prints, Silveira comenta sobre lavagens de carros. Miranda afirma que
ele era um lavador de carros que pediu uma oportunidade de emprego a
ele nos Estados Unidos. “E aparece em um vídeo falando em R$ 150
mil, e o pior, um empregado que roubou meus investidores!”,
criticou. Ao Correio,
o deputado nega ter aplicado golpe em alguém. “Realmente, os
ataques influenciaram nos resultados dos meus negócios, isso é
óbvio. Isso é notório, sempre falei, pô. Eu nunca neguei que já
perdi mais de US$ 2 milhões com esses ataques. O que posso fazer é
dizer: meu irmão, a empresa nos Estados Unidos está atrasada com
seus compromissos, mas está honrando. Lentamente, mas está
honrando. É muito diferente de golpe. Quem dá golpe, não cumpre
compromisso, não paga, não dá a cara a tapa, não está à
disposição”, destacou.
Os
ataques sofridos na internet teriam impactado os negócios de
Miranda. Um grupo articulado nas redes sociais estariam recebendo
recursos para difamá-lo e derrubar as vendas de cursos e afetar nos
negócios de compra e venda de veículos. Uma investigação da
Polícia Civil do Distrito Federal (PC-DF) prendeu, na noite de
quinta-feira, Daniel Luís Mogendorff, que, em imagens filmadas pelo
parlamentar, exigiu o pagamento de R$ 760 mil para parar os ataques.
Da
extorsão, Mogendorff, que tem passaporte alemão e mora em Israel,
disse que R$ 400 mil seria usado para “barrar” a matéria
publicada pelo Fantástico,
alegando ter influência sobre a equipe jornalística. O restante
seria usado para pôr fim às publicações produzidas por um grupo
de youtubers que o atacavam nas redes sociais. Outros quatro
integrantes foram indiciados por extorsão, incitação ao crime,
organização criminosa, e por difamação. Eles foram localizados
nos Estados Unidos, e no Brasil, nas cidades do Rio de Janeiro, São
Paulo e em Brasília. Outros 18 suspeitos, ainda não identificados,
permanecem alvos da apuração da PCDF.
MSN
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