O EMPRESÁRIO TAIGUARA RODRIGUES: PARA
FUNCIONÁRIOS DO GOVERNO E EXECUTIVOS DE EMPREITEIRAS, ELE É ‘O SOBRINHO DO
LULA’
Na
manhã desta sexta-feira, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal
deflagraram a operação Janus baseada em um inquérito que investiga o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por crime de tráfico de influência
internacional em favor da construtora Odebrecht. O principal alvo das buscas e
apreensões desta manhã é o sobrinho de Lula, Taiguara Rodrigues dos Santos, que
foi conduzido coercitivamente para prestar esclarecimentos. Na representação
que embasa os mandados, a procuradoria afirma que há "fortes indícios de
irregularidades e de condutas, em tese delituosas, no sentido de, no mínimo,
dissimular e ocultar valores de origem ilícita". Além da condução
obrigatória de Taiguara, houve quebra de sigilos bancário, fiscal e telefônico
dos envolvidos no esquema.
Taiguara é filho de
Jacinto Ribeiro dos Santos, o Lambari, amigo de Lula na juventude e irmão da
primeira mulher do ex-presidente, Maria de Lourdes. Funcionários do governo e
executivos de empreiteiras costumam identificá-lo como "o sobrinho do
Lula". Em 2012, uma de suas empresas de engenharia, a Exergia Brasil, foi
contratada pela Odebrecht por 3,5 milhões de reais para trabalhar na obra de
ampliação e modernização da hidrelétrica de Cambambe, em Angola. O acerto entre
as partes foi formalizado no mesmo ano em que a Odebrecht conseguiu no Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) um financiamento de 464
milhões de dólares para realizar esse projeto na África.
A investigação do MPF
tem como objeto principal a suspeita de que Lula, após deixar a presidência em
2011, tornou-se uma espécie de operador da Odebrecht. As apurações apontam que
ele usava sua influência política para agir em duas frentes: ajudando a liberar
financiamentos do BNDES e na interlocução com presidentes amigos que
contratavam os serviços da empreiteira. Apesar de ser investigado no inquérito,
o ex-presidente Lula não foi alvo de mandados nesta sexta-feira. Ao todo, a PF
cumpriu 2 mandados de condução coercitiva e quatro de busca e apreensão em
Santos, no litoral paulista.
As
apurações, iniciadas no ano passado, ganharam robustez neste ano após o
recolhimento de documentos das empresas de Lula, da Odebrecht e do BNDES.
Alguns deles foram compartilhados pela força-tarefa da Lava Jato. O nome da
operação se refere ao deus romano Janus, cuja representação é um homem de duas
faces, uma de ancião e outra de jovem.
A operação visa
esclarecer os motivos que levaram a Odebrecht a contratar a Exergia Brasil,
empresa de Taiguara, entre os anos de 2012 e 2015, para realizar obras na
hidrelétrica de Angola. Segundo reportagem de VEJA de março do ano passado, a empresa
surgiu após ele virar sócio da companhia portuguesa Exergia, que tem um extenso
portfólio de clientes em Portugal e na África. Na época, a Exergia Brasil,
sediada em Santos, tinha apenas cinco funcionários e não havia feito nenhuma
obra no Estado de São Paulo, de acordo com o Conselho Regional de Engenharia do
Estado.
Em outubro do ano
passado, convocado na CPI do BNDES, Taiguara Rodrigues
afirmou aos parlamentares que recebeu de 1,8 a 2 milhões de dólares em
contratos com a Odebrecht. Na ocasião, ele negou que Lula teve influência em
seus negócios, mas não conseguiu comprovar as credenciais que lhe aproximaram
dos contratos milionários com a empreiteira. Ao detalhar o seu currículo, o
empresário afirmou ser vendedor desde os 14 anos e não ter formação acadêmica.
"Com o passar dos anos, foram aparecendo oportunidades, como a que me fez
chegar aqui, a de trabalhar em Angola", disse ao colegiado.
MSN NOTÍCIAS
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