ADAÍRA SENE
Uma pesquisa conduzida por cientistas
pernambucanos em parceria com a iniciativa privada internacional estuda o uso
do vírus da artrite encefalite caprina, o Caev, como elemento para exterminar o
HIV das células humanas, sem causar danos ao portador. A pesquisa observa
mecanismos de interferência do vírus caprino sobre outros que impactam a saúde
e promete reestruturar a forma de se tratar diversas infecções.
Por haver incidência do Caev nos
rebanhos de cabras, Pernambuco foi escolhido para sediar análises de validação
e desenvolvimento da metodologia, criada pelo pesquisador e médico australiano
Sam Chachoua. As análises são realizadas sob a supervisão da doutora em
físico-química e professora da UFPE Patrícia Farias, com financiamento da
empresa OF Joseph PB&T.
Patrícia explica que resultados
preliminares de estudos com populações rurais que têm contato com caprinos e
são portadoras do vírus mostram o desenvolvimento de resistência ao HIV.
"Há casos em que ele não se manifesta ou se manifesta de forma menos
intensa, mas tudo ainda é suposição", detalhou a doutora.
O financiador do projeto, o hondurenho
Joseph Miller, acredita que quando o estudo de competência viral induzida
estiver comprovado no projeto, o impacto será tal que vai gerar um novo
paradigma para a biotecnologia. Para Miller, a assistência médica será redefinida
e expandida para considerar que organismos vivos (tais quais os vírus) são
possíveis aliados na batalha contra doenças e apoiam a otimização da saúde para
o bom funcionamento do corpo humano.
Os estudos começaram a ser
desenvolvidos nos Estados Unidos e ainda estão na fase inicial de implantação.
Nesta etapa, é feita a consolidação de dados a respeito do Caev, que é um
retrovírus - assim como o HIV -, mas ainda mais forte. A ideia base é de que,
se o portador do HIV contrai o Caev, é possível que o vírus caprino extermine o
HIV das células. A primeira fase da pesquisa deve se estender até a primeira
quinzena de março.
No rebanho caprino, o Caev causa
inflamações, mas, até o momento, não há indícios de que eles gere patologias em
seres humanos. Daí a possibilidade de que se tenha encontrado o caminho para
uma possível cura de infecções virais. "O Caev parece inibir a ação de
diversos vírus em humanos. É como se eles entrassem em competição no organismo
e, por ser mais forte, o vírus caprino vence", acrescenta Patrícia.
Na fase atual da pesquisa, os
especialistas estão compilando dados sobre o Caev através da identificaçao e
classificação dos tipos do vírus. Os estudos locais mobilizam uma equipe com
cinco profissionais e dois estagiários. O orçamento inicial é de US$ 970 mil
dólares, mas a verba poderá chegar a US$ 4 milhões.
Capril Virtual/Chorrochó em Foco
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