Maior frigorífico do RS suspendeu o abate de suínos e frangos. São cerca de 115 pontos de bloqueios em mais de 30 rodovias federais.
Com o protesto dos caminhoneiros contra o preço do
diesel, os bloqueios em estradas já estão afetando os postos de combustíveis e
outros setores importantes da economia. A produção de carros parou ontem (23)
em uma montadora de Minas Gerais. No Sul, a manifestação prejudica frigorífica
e a produção de leite. Já faltam produtos hortifrutigranjeiros em alguns
supermercados no interior do Paraná.
São cerca de 115 pontos de bloqueios em mais de 30
rodovias federais e quase 40 estaduais, em oito estados: os três do Sul, três
do Centro-Oeste, Minas Gerais e, agora, Bahia.
O maior frigorífico de suínos do Rio Grande do Sul
suspendeu a produção hoje. Mil e setecentos funcionários tiveram folga. Outro problema
da empresa é abastecer as granjas. Setecentos mil suínos já estão sem ração.
Os bloqueios em várias BRs que passam por Santa Catarina
também afetam a economia do estado. Muitos frigoríficos cancelaram os abates de
suínos e frangos. Em São Miguel do Oeste, os caminhões já
carregados nem saem do pátio. O Sindicato das Indústrias de Laticínios e
Produtos Derivados também suspendeu a coleta de leite no campo.
O protesto prejudica o abastecimento de combustíveis em
algumas cidades do interior, na região Sul. Em um dos poucos postos que ainda
tem combustível em Arapongas, norte no Paraná, a gasolina subiu muito depois
que o protesto começou e mesmo assim, tem fila para abastecer. Pato Branco, que
está sem gasolina, também enfrenta desabastecimento em alguns supermercados.
"Começa a ter a falta de produtos principalmente na área de hortifruti, entre outros produtos, num grande geral do mercado, bebidas. Para praticamente tudo", diz o gerente Zineu Grunaski.
"Começa a ter a falta de produtos principalmente na área de hortifruti, entre outros produtos, num grande geral do mercado, bebidas. Para praticamente tudo", diz o gerente Zineu Grunaski.
Os aviões de pequeno porte não são abastecidos no
aeroporto de Foz do Iguaçu. Os manifestantes bloqueiam pontos da BR-163,
principal rodovia de escoamento da safra em Mato Grosso do Sul. Em média, 2,5
mil caminhões transportam soja na região. Os motoristas que dão de cara com o
bloqueio na BR-463 estão fazendo um desvio pelo Paraguai.
O congestionamento chegou a 12 quilômetros na BR-040,
que liga o Rio a Minas. No bloqueio, perto de Belo Horizonte, os carros de passeio e os
ônibus podem passar.
No trecho mineiro da Fernão Dias, tem interdições em Perdões, Oliveira e Igarapé.
Tem muita fila de caminhões. Que chega em Betim, onde está difícil seguir
viagem. Muitos caminhoneiros concordam com o movimento.
“A gente precisa melhoria porque o óleo diesel ta muito
caro, o frete não sobra nada se vai na volta, sobra uma mixaria”, fala o
motorista Asauto Mariano do Nascimento.
Em um caminhão, a carga está pingando. São dez mil
quilos de jaca que estão estragando por causa do calor.
A fábrica da Fiat em Betim
está com a produção parada desde ontem. É que as carretas não chegam para
descarregar e os funcionários enfrentam dificuldades no transporte.
A carga de mamão que o motorista José Vieira França
transporta do interior da Bahia para São Paulo está com os dias contados.
“O ideal é ele chegar mais verdinho um pouco porque aí
tem condição de vender. Se ele chegar mais maduro tem condições só de jogar no
mato”, fala José.
O protesto chegou hoje à Bahia, onde há bloqueios em
três rodovias federais. Em Feira de Santana, os
caminhoneiros tocaram fogo em pneus e interditaram a BR-116 Norte.
No início da tarde, os caminhoneiros fechavam
parcialmente a BR-153, na região metropolitana deGoiânia. Eles colocaram fogo num pneu. Ambulâncias e carros de
passeio estão liberados para passar. É a primeira vez que a BR-153 foi fechada
desde que começaram os protestos.
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