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sábado, 3 de dezembro de 2016

CULTURA DA CERVEJA FEITA EM CASA GANHA FORÇA NA BAHIA E ABRE UM NOVO MERCADO

Evento dia 17 de dezembro reunirá apreciadores e fabricantes de Salvador.No Brasil, setor tem 1% do mercado bilionário da indústria das cervejas.
Os soteropolitanos amantes de cervejas artesanais já têm programa garantido para o dia 17 de dezembro: o 5º Festival da Cerveja Artesanal da Bahia, que será realizado no Tancredo Food Park, localizado na Avenida Trancredo Neves, em Salvador, das 12h às 18h. A expectativa é de que o evento reúna cerca de 400 apreciadores e produtores de cervejas feitas em casa. Os ingressos custam R$ 170 e dão direito à degustação livre de todas as cervejas, um hambúrguer, um acarajé, uma empanada argentina e consumo livre de picolé.
Por trás do festival, que também terá apresentações de bandas e concurso para eleger as melhores cervejas, está a Associação dos Cervejeiros Artesanais da Bahia (Acerva Baiana), fundada em 2008. Presidente da entidade, o químico Olivalter Pergentino conta que a Acerva Baiana já conta com 120 associados, e que são os membros da associação que produzirão toda a cerveja que será servida no evento.
Olivalter é o presidente da Acerva (Foto: Acervo Pessoal/Olivalter Pergentino)Olivalter é o presidente da Acerva (Foto: Acervo
Pessoal/Olivalter Pergentino)
"Estarão disponíveis para degustação 1,2 mil litros de cervejas produzidas exclusivamente pelos nossos associados", afirma Pergentino. "Ao todo, teremos 40 receitas diferentes: cerveja com pimenta, cerveja defumada, vários tipos", acrescenta.
A cultura da cerveja artesanal na Bahia é um fenômeno recente, que vem angariando cada vez mais apreciadores. E a história da maioria dos cervejeiros é bem parecida: antes eram consumidores das bebidas de marca, até que conheceram as artesanais, se tornaram apreciadores até o ponto em que resolveram fabricar a própria cerveja.
É o caso do analista de sistemas Leonardo Brandão Araújo, que produz a cerveja Ácidos Alfa Bier. Ele conta que descobriu o mundo das artesanais em uma viagem que fez para a Europa, em 2012. "Cheguei lá e tomei um susto com aquela variedade. Comecei a tomar gosto e resolvi fazer um tour de cerveja por lá", diz. "Quando voltei para o Brasil foi aquela tristeza, e aí me veio a ideia de fabricar. Então, aprendi a fazer cerveja, e a graça agora é viajar o mundo sem sair da cozinha", conta Leonardo.
Ele conta ainda que, além de hobby, as cervejas artesanais podem ser uma opção para quem busca empreender. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil), no Brasil, há cerca de 350 cervejarias artesanais que representam aproximadamente 1% do mercado bilionário da indústria cervejeira brasileira.
Leonardo explica, entretanto, que as cervejas produzidas em casa não podem ser comercializadas porque não possuem registro para tal. Quem tiver interesse em vender, precisa profissionalizar a produção.
"Na Bahia, só existe uma cervejaria artesanal que tem licença para vender os produtos, que fica em Porto Seguro, e uma segunda está prestes a regularizar a atividade", afirma.
Um dos sócios da cervejaria que está perto de conseguir a licença para comercializar seus produtos é o médico Adriano Mendonça. A fábrica da cervejaria Sotera fica em Abrantes, na cidade de Camaçari, região metropolitana de Salvador.
"Vamos começar com dois tipos de cerveja da escola americana: a American Wheat e American Pale Ale [a primeira é uma cerveja de trigo e a outra é uma cerveja clara, cuja fermentação é feita em temperaturas mais altas e possuem teor alcoólico de até 6%]. Entre o fim deste ano e o começo do próximo, espero já estar produzindo" afirma Adriano.
Ele é mais um dos que bebiam as cervejas de marca e que se renderam às artesanais. "Comecei a tomar algumas cerveja especiais, até que um dia um amigo me disse que podia ser feita em casa", conta Adriano, que destaca que o sangue italiano ajudou na hora de fabricar cerveja.
Adriano está perto de regularizar sua fábrica de cerveja artesanal (Foto: Acervo Pessoal/Adriano Mendonça)Adriano está perto de regularizar sua fábrica de
cerveja artesanal (Foto: Acervo Pessoal/Adriano
Mendonça)
"Eu tenho descendência italiana, um povo que tem esse costume de fazer as coisas em casa. Quando vou fazer uma lasanha, eu faço a massa, o molho, tudo. Então, comecei a estudar a fabricação de cervejas, e desde 2007 ou 2008 que venho fazendo", diz.
Comércio itinerante
Quem já está de vento em popa no mercado da cerveja artesanal de Salvador, mesmo sem fabricar uma gota da bebida, são as sócias Mariana Maltez e Márcia Medeiros. Elas são as mentes por trás da Kombita Chopp Truck, veículo que circula por Salvador vendendo cervejas artesanais.
O serviço começou em abril deste ano e a dupla já está pensando em adquirir uma segunda Kombi.
"A gente chegou no mercado muito rapidamente, o que eu atribuo à variedade das cervejas", diz Mariana. "O cervejeiro não quer tomar a mesma bebida sempre. Todo mundo quer provar. Então, desde a primeira saída, a ideia era ter quatro tipos de cervejas, e toda semana nós mudamos. Isso foi o diferencial", explica.
Para manter a variedade de marcas, Mariana conta que busca cervejas de todo o país. "Esse é o maior desafio. Temos mais de 50 fornecedores com quem estamos o tempo inteiro em contato. Outro desafio são os roteiros. A gente está sempre na busca de parcerias com pessoas que tenham interesses em comum, eventos, lojas de artesanais, estabelecimentos, etc", destaca Mariana, que conta que não bebia cerveja, até descobrir as artesanais.
Mariana, à direita, e sua sócia Márcia rodam Salvador vendendo cervejas artesanais (Foto: Fábio Bouzas/Divulgação)Mariana, à direita, e sua sócia Márcia rodam
Salvador vendendo cervejas artesanais (Foto: Fábio
Bouzas/Divulgação)
"Ficamos seis meses na Chapada, e lá tem um pub onde o dono faz a própria cerveja. Márcia já bebia, mas eu não gostava do que eu entendia como cerveja. Depois que bebi as artesanais, descobri os sabores, as possibilidades e virei cervejeira", diz.
Foi após retornar da Chapada que elas tiveram a ideia da Kombita. Maria conta que está bastante satisfeita com o negócio.
"Está valendo muito a pena. Em sete meses, já pagamos quase todo o investimento. O retorno dos clientes tem sido incrível. A gente tem uma clientela fiel. Metade das nossas vendas são para clientes que conhecemos por nome e sobrenome", afirma. Quem quiser conhecer o serviço, basta ficar atento às redes sociais da Kombita, onde são postados os roteiros.
G1 BA



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