segunda-feira, 21 de novembro de 2016
LAVA JATO ENCONTRA APENAS R$ 454 NAS CONTAS DE CABRAL E MAIS DE R$ 10 MILHÕES NAS DE SUA MULHER
O
Banco Central encontrou R$ 10 milhões em apenas uma das contas bancárias
pessoais da advogada e mulher do ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB),
Adriana de Lourdes Ancelmo. Nas contas pessoais de seu marido - preso
preventivamente desde a quinta-feira (17) por ordem das justiças federal no
Paraná e no Rio - por sua vez, foram encontrados apenas R$ 454,26. Os dados são
do bloqueio do Bacenjud, sistema informatizado do Banco Central que atende ao
Judiciário, em resposta à determinação do juiz Sérgio Moro que decretou o
bloqueio de R$ 10 milhões de Cabral, sua mulher e mais 10 investigados na mesma
decisão que determinou a prisão do ex-governador. É a primeira vez, desde o
começo da Lava Jato, que o valor encontrado em apenas uma das contas bancárias
de um investigado atinge o valor integral do bloqueio determinado por Moro. O
montante foi encontrado em uma conta de Adriana no Itaú Unibanco. Além desta,
ela possui ainda uma conta no Santander e uma no Bradesco, ambas com saldo
zero. Já nas contas de seu escritório de advocacia, Ancelmo Advogados, foi
encontrado pelo Banco Central R$ 1 milhão. Levantamento da Receita Federal na
Operação Catilinária aponta que a receita do escritório de Adriana teve um
salto de 457% entre o início e o fim dos dois mandatos de Cabral à frente do
governo do Rio, entre 2007 e 2014. Neste período, o lucro declarado do
escritório, segundo apontou a Receita Federal, foi de R$ 23,2 milhões. O
ex-governador, por sua vez, tinha apenas R$ 428,82 em uma conta no Bradesco e
R$ 25,44 em uma conta no Citibank. Já na conta de sua empresa Objetiva Gestão e
Comunicação Estratégica Eireli, criada pelo peemedebista após ele deixar o
governo do Rio, o Banco Central não encontrou nenhum centavo. Em relação à SCF
Comunicação, que também possui Cabral como sócio, o CNPJ não constava no
sistema de informações financeiras. A força-tarefa da Lava Jato no Paraná
aponta que o ex-governador teria recebido entre 2007 e 2011 R$ 2,7 milhões de
propina da obra do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), da
Petrobras. Já as investigações da Procuradoria da República no Rio de Janeiro
apontam que Cabral seria o líder de uma organização criminosa que teria cobrado
5% de propinas de grandes empreiteiras nas obras do governo estadual durante
sua gestão. A reportagem entrou em contato com o escritório de Adriana Ancelmo,
mas ela não foi localizada para comentar o caso.
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