A região como um todo é conhecida por
fornecer aves para o tráfico de animais silvestres
Um total de mil e
oitenta e oito animais silvestres foram resgatados na região de Paulo Afonso,
distante 480 km de Salvador, na primeira semana de Fiscalização Preventiva
Integrada (FPI) da Tríplice Divisa, que envolve os estados de Bahia, Alagoas e
Sergipe. As ações - realizadas por Polícia Rodoviária Federal (PRF), Ibama, e
por uma equipe de 11 biólogos e veterinários das ONGs Animallia e ECO, da
Cemafauna e do Conselho Estadual do Meio Ambiente (Cema), aconteceram em
bairros de Paulo Afonso, na feira da cidade e nos municípios vizinhos de
Jeremoabo, Glória e Santa Brígida.
A
maioria são aves da fauna nativa brasileira, como caboclinhos, cardeais,
azulões, curiós, papa-capins, sabiás-Coca, trinca-ferro, coleiras,
galo-da-campina, sabiá-laranjeira, sanhaço-cinzento e bigodes, mas também foram
encontrados jabutis. Além disso, um homem que circulava nas imediações da feira
da cidade, com 28 peles de veados em seu veículo, teve a mercadoria apreendida.
Chamou atenção dos fiscais, ainda, um exemplar de ararajuba, uma arara amarela,
espécie raríssima da fauna brasileira. Em todas as ocasiões, foram lavrados
Termos Circunstanciados de Ocorrência (TCO). A prática de crime ambiental é
passível de pagamento de multas e até prisão.
"A
região de Paulo Afonso como um todo é conhecida por fornecer aves para o
tráfico de animais silvestres. Elas são vendidos para São Paulo e outros
estados. Além disso, existe uma cultura, que é passada de pai para filho, de
criar pássaros em cativeiro, e que precisa ser mudada. Aliado a isso, a pena
para esse tipo de prática é muito leve", avalia Marcus Vinícius de França,
Policial Rodoviário Federal, chefe da equipe Fauna da FPI.
Os
animais retirados dos cativeiros são levados para o Fórum antigo da cidade,
onde são triados e tratados por biólogos e veterinários. Aqueles que têm
condições de serem reinseridos na natureza são imediatamente soltos em seus
habitats. Os demais recebem alimentação adequada e medicamentos para que, assim
que reúnam as condições necessárias, voltem à natureza.
FORÇA-TAREFA
Desde
o dia 21 de novembro, mais de 400 profissionais participam da Fiscalização
Preventiva Integrada do São Francisco (FPI) da Tríplice Divisa, que envolve os
estados de Bahia, Alagoas e Sergipe. São promotores de Justiça, procuradores da
República, procuradores do trabalho e técnicos de 56 instituições e entidades
que formam uma grande força-tarefa na tentativa de salvar o rio da integração
nacional da depredação ao qual vem sendo exposto. Nos dias 01 e 02 de dezembro
acontece uma audiência pública para apresentar à população os resultados das
atividades.
Coordenado
pelo Ministério Público da Bahia, a força-tarefa conta com a parceria de trinta
órgãos do estado, a exemplo da Inema, Ibama, Crea, Ipac, Adab, Seagri, Sefaz,
Incra, Funai, Marinha, Polícia Militar, Polícia Federal, Polícia Rodoviária
Federal, entre outros. A operação atua nas áreas de saneamento, fauna,
propriedades rurais, mineração, loteamentos, psicultura, patrimônio cultural,
patrimônio espeleológico (cavernas), combate a agrotóxicos e comunidades
tradicionais indígenas e quilombolas.
Na
Bahia, estado pioneiro nessa ação de fiscalização, onze municípios estão sendo
visitados: Paulo Afonso, Jeremoabo, Pedro Alexandre, Macururé, Abaré, Rodelas,
Glória, Chorrochó, Santa Brígida, Canudos e Coronel João Sá. O objetivo é
cuidar da saúde e da segurança do trabalho dos ribeirinhos e dos patrimônios
natural e cultural dos municípios que integram a Bacia Hidrográfica do Rio São
Francisco.
"A
união de tantos órgãos e entidades representa uma ótima oportunidade para que
possamos ampliar a potencialidade de atuação na defesa da sociedade, do meio
ambiente e da saúde pública. Então, a mensagem que queremos passar é que a FPI
do São Francisco se apresenta como um programa continuado e permanente, que
visa, especialmente, preservar a qualidade ambiental da Bacia Hidrográfica do
Rio São Francisco e a qualidade de vida do seu povo. Nossa missão é permanecer
diagnosticando os danos ambientais causados contra o manancial e sua população,
adotando as medidas preventivas e de responsabilização dos agentes causadores
de todos esses males”, declara Luciana Khoury, coordenadora da FPI Bahia.
Por Nilma Gonçalves *Jornalista DRT/BA 2450*
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