Lamento de um sertanejo anônimo!
Miguel Lopes foi o acusado de matar Raimundo Jacó em 1954. Um crime impune. E agora? Não havendo a festa e Missa do Vaqueiro em 2024, é como se fosse mais um dolo que o sertão não tem a quem recorrer. A diferença é que João Câncio e Luiz Gonzaga não estão mais aqui para protestar. Raquel Lyra e Aleudo Benedito entram para história: é nos seus governos que o sertão fica sem a parte social da Missa do Vaqueiro em Serrita.
TRISTEZA!
A morte do vaqueiro Raimundo Jacó é mais lembrada pela impunidade. Virou símbolo da nossa resistência contra as injustiças. Inspirou e inspira poetas e artistas populares. Serviu de mote para a mais bonita trilha sonora a nos apaixonar mais ainda desse rico traço da raiz cultural do sertão.
A Missa do Vaqueiro em Serrita, deveria estar acima de qualquer disputa política. Ela também é um grito contra os interesses dos poderosos. É uma voz a ecoar contra toda forma de domínio. É o principal símbolo da nossa resistência. Ela não é um festival midiático. É uma necessidade da nossa gente calejada das lutas em uma das regiões mais difíceis. É também o nosso orgulho que agora está tristemente ferido.
Contra os fatos não há argumentos. Raquel Lyra e Aleudo Benedito estão no poder e entram para a história do sertão como a governadora e o prefeito que deixaram de realizar o maior evento da raiz cultural do sertão nordestino. A Missa do Vaqueiro de Serrita é um patrimônio do povo que não deveria ser mexido. Não é uma questão de disputa ou opinião: É fato! O grande problema é que ainda tem gente que defende, pensando em proteger as maldades do seu político de estimação, quando ele foi o causador dessa tristeza contra o povo. Se a prefeitura quisesse ajudar, ajudasse, não interviesse. Foi o que aconteceu. Caso a fundação Padre João Câncio viesse falhando ajudasse, e não a apedrejar e a querer tirar o seu legítimo direito. Não tem outra conversa. Pisaram na bola contra o povo.
Aliás, para ser correto, não se fala prefeitura nem Governo do Estado, porque esses ficam, mas seus atuais chefes dos respectivos poderes vão passar. O povo e seu amor pela maior tradição pernambucana vão ficar. Essa falta de respeito é a demonstração mais clara de que estamos muito mal representados. Muito me admira Raquel Lyra se passar por uma coisa dessas. Ao seu tempo ela silenciar e fazer de contas que não sabe o que é a Missa do Vaqueiro ou que não está vendo. Quanto ao prefeito Aleudo Benedito, que foi o grande autor intelectual e operacional desse horror contra a nossa gente sertaneja, não tem muito o que ser dito. Ele já protagonizou seu espetáculo particular no ano passado e acabou dando no que deu. Só que agora, quer botar culpa nos outros: não cola! QUEM NÃO PODE COM O POTE, NÃO PEGA NA RODILHA.
No meio da violência fica a nossa população. Parte dela em lamentação silenciosa sem ter a quem recorrer. Inclusive, tristemente, alguns apoiando, e ainda procurando alguém para apontar como culpado, mesmo sabendo de tudo.
Chame tudo isso de falta de respeito. O povo de Serrita nem do sertão, não merecia isso. Mas, sim, esperava todos os esforços para ter a festa e suas lindas manifestações culturais.
Por fim, é de se lamentar e lamentar muito que isso esteja acontecendo com a nossa gente. O que muito nos marca no sertão é o sofrimento, a humilhação, as dores, a fome, a ignorância e o desprezo que nos impõe os maiores castigos quando estamos nas mãos de pessoas públicas desprovidas de sensibilidade humana.
Por Didi Galvão
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