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segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Desabafo de uma mãe: “FUI VÍTIMA DE VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA EM PAULO AFONSO-BA”

E-mail enviado para a redação do portal PA4, a leitora Michele Gomes faz um desabafo ao relatar detalhes de seu parto na maternidade do Hospital Nair Alves de Souza: “Sofri violência obstétrica e fui mais uma vítima de negligência médica. Em meu relato, que segue no anexo, conto o que aconteceu. Sou Michele Gomes, moro no centro de Paulo Afonso-BA. Agradeço desde já”.

VEJA ABAIXO:

Fui vítima de violência obstétrica em Paulo Afonso-BA
No dia 11/11/2017 minha bolsa rompeu às 3h30min.
Aguardei até 8h e fui a maternidade do hospital Nair Alves de Souza em Paulo Afonso-BA.
Chegando lá, o médico me examinou e pediu para eu aguardar em casa as contrações, mesmo sabendo que a cada dor que eu sentia, perdia líquido amniótico, o que pode causar uma infecção fetal. Também, não me garantiu vitalidade fetal.
Retornei a maternidade às 17:30h. O médico fez pouco caso, mas me internou porque, segundo ele, “já era a segunda vez que eu tinha ido lá”. Pediram para minha mãe, minha acompanhante, ir embora e aguardar notícias, mesmo sabendo que, conforme a Lei nº 11.108 de 07/04/2005, eu tinha direito a acompanhante no âmbito do SUS.
Começaram a induzir meu parto com comprimidos. Começaram as contrações. A cada dor, eu perdia mais líquido. Meu bebê estava ficando cada vez mais sufocado. A equipe de enfermagem, que fica fora da sala, só me atendia quando era solicitada e na segunda vez que eu chamava, mesmo com tantas dores, eu precisava me deslocar até a recepção. Eu pedi “me ajuda a tomar um banho quente!”, a auxiliar de enfermagem, debochando disse: “Mãezinha, pra tomar banho não precisa de ajuda!”. Durante uma contração, deixei o absorvente cair, em resposta, ela me disse que eu tinha que segurá- lo. Certamente porque não poderia ter o trabalho de chamar alguém da limpeza. Na indução dos comprimidos, senti dor, até porque é um local sensível, a enfermeira disse: “Você sabe que seu filho vai sair por aí, não é?”. Acredito que a questão da humanização deveria ser bem trabalhada nos profissionais da saúde. E o trabalho por amor é mais gratificante que o trabalho por dinheiro, com tantos trabalhos, é interessante buscar um onde o bem-estar vem acima do salário mensal.
Enfim começou a dilatação. De 1cm e evoluiu até 8cm. Uma auxiliar de enfermagem começou a me ajudar na expulsão do bebê. Até o ponto que conheço, sem desmerecer a auxiliar de enfermagem, ela não poderia fazer isso sozinha, conforme descrito no Parecer Coren – BA Nº 022/214. E o médico onde estava?
Confesso que não o vi mais desde minha internação. Deste modo, não posso aqui imaginar onde estava presente. Mas, bendito é Deus sobre todas as coisas!
Surgiu um enfermeiro, calmo e paciente, que no auge de minha dor e sofrimento, me ajudou – me disse, posteriormente, uma enfermeira, que ele não fez mais do que a obrigação dele. Porém, para mim, ele foi muito mais competente do que as palavras dela e o suposto médico que “me abandonou”.
Esse enfermeiro chamou ligeiramente um outro médico do plantão, que, abençoado, viu que eu não tinha condições de ter um parto normal. Reuniu ligeiramente a equipe médica e em minutos meu bebê nasceu por meio de uma cesariana, isso, às 23h24min, depois de 8h de perca de líquido e muito sofrimento.
Com tanto sofrimento, sem força, com medo, assustada… eu ainda ouvi: “Vou tentar salvar a vida desse bebê, não sei consigo”. Sabe aquela dor física? Passou. A dor emocional foi capaz de superá-la. Quando ouvi o chorinho, fraco e angustiante de meu bebê, a paz retornou. Mas começou um novo processo de sofrimento: ele foi direto para a incubadora, roxinho e fraco. Fiquei 20h sem vê-lo, para mim, uma eternidade. Quando o vi, me desesperei. O coração de mãe ficou em pedaços ao vê-lo naquela situação.
Mas suportei. Meu bebê é forte. Ele saiu daquela situação que aconteceu por NEGLIGÊNCIA MÉDICA. Esse é apenas o meu relato, mas tem muitas mães na mesma situação em Paulo Afonso. Eu tive o meu presente e quem perde?

Sou Michele, meu bebê nasceu no dia 11 de novembro de 2017


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