A força-tarefa da Lava Jato no Paraná
afirmou ao juiz Sérgio Moro que, "sem margem à dúvida", uma série de
recibos apresentados pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva são
"ideologicamente falsos".
Os
procuradores pediram autorização ao juiz para realizar uma perícia para apurar
as circunstâncias da confecção dos recibos.
"Sem
margem à dúvida que os recibos juntados pela defesa de Luiz Inácio Lula da
Silva são ideologicamente falsos, visto que é simulada a relação locatícia
representada pelo engendrado contrato de locação", disseram os
procuradores em manifestação a Moro.
Os 26
recibos se referem ao pagamento de aluguel de um apartamento em São Bernardo do
Campo, no mesmo prédio em que o presidente possui um imóvel. O período dos
documentos abrange fevereiro de 2011 a novembro de 2015.
O
Ministério Público Federal acusa o presidente de nunca ter efetivamente pago o
aluguel neste período e que os custos do imóvel, usado como extensão da casa do
ex-presidente, foram bancados de forma simulada pela empreiteira Odebrecht como
forma de propina. O apartamento estava no nome do engenheiro Glaucos da
Costamarques, apontando como laranja de Lula e da Odebrecht.
O caso
do apartamento e de mais um terreno que também teria sido passado pela
Odebrecht de forma dissimulada ao Instituto Lula renderam ao ex-presidente uma
ação penal em Curitiba por suspeita de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
A expectativa é que Moro decida sobre o caso nas próximas semanas, o que pode
resultar numa segunda condenação de Lula.
Segundo
o MPF, não houve movimentação financeira por parte de Lula que comprovasse que
o pagamento dos aluguéis foi real. Os recibos foram entregues em setembro pela
defesa do ex-presidente. À época, a imprensa destacou que dois deles
apresentavam datas inexistentes no calendário (31 de junho e 31 de novembro).
Costamarques
disse em depoimento a Moro que nunca recebeu qualquer valor no período indicado
nos recibos e que não foi o responsável pela emissão deles. Segundo ele, os
documentos foram fornecidos por um contador indicado por Roberto Teixeira,
amigo de Lula, que pediu para que o engenheiro assinasse todos os documentos de
uma vez, em dezembro de 2015.
A
perícia dos documentos vai ficar a cargo da Polícia Federal.
Em
nota, o advogado Cristiano Zanin Martins, que defende Lula no processo penal,
afirmou que "o questionamento do MPF é uma tática ilusionista de quem não
conseguiu provar que valores provenientes de contratos da Petrobras
beneficiaram o ex-presidente Lula". Segundo Zanin, a realização de perícia
nos recibos "irá demonstrar que eles são idôneos e que foram assinados
pelo proprietário do imóvel".
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