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sexta-feira, 8 de setembro de 2017

A Morte do Rio São Francisco; por Francisco Nery Júnior

Eis um tema que é formidável; difícil de discorrer sobre. Se o leitor for ao dicionário, vai verificar que formidável é “uma coisa bonita, simples, impactante, que mete medo”. Mais ou menos assim. A morte do rio São Francisco nos mete medo! Ele é um bem nacional. É nosso no sentido que nos serve. Estamos aqui, aqui vivemos e somos relativamente felizes por causa dele. É a nossa galinha dos ovos de ouro. Ou estamos nós errados como diria José Luís Datena?

Pois estão matando o nosso rio! Assistimos à sua agonia. Agonia, leitor, é um termo brando de que nos valemos para não xingar; xingar sem remorso os responsáveis por aquilo que temos a desventura de testemunhar. Talvez, podemos admitir e confessar, tenhamos, cada um de nós, uma pequena parte de responsabilidade em tudo isso. Para os detalhes da agonia do “Velho Chico” – que não precisava ser velho -, o leitor pode acessar o editorial do Jornal Folha Sertaneja do professor Antônio Galdino e pesquisar no site do senador Otto Alencar da Bahia. O senador Otto tomou para si a defesa do rio chamado de rio da integração nacional. É a sua “neurose” como minha é a neurose de plantar e cuidar de árvores. O termo me foi imputado pelo meu amigo e colega vereador Ivaldo Sales com muita propriedade.

Que país somos nós que não cuidamos de um patrimônio como o rio São Francisco? Temos porventura o direito de nos sentirmos ofendidos se não nos considerarem sérios? Se alguém afirmar que seremos eternamente o país do futuro?  

A China se realinhou, jogou no lixo bobagens ideológicas, e cresce há anos com taxas espetaculares. Será que seremos capazes de desmentir o alemão do século passado e passarmos a crescer com taxas anuais de que somos indiscutivelmente capazes?

O senador Otto se referiu à sugestão de um ex-presidente da Chesf no sentido de ser criada uma taxa adicional na conta de cada consumidor de energia dos municípios da Bacia do São Francisco, por algum tempo, que serviria para financiar os custos da revitalização do rio. Pois apoiamos a sugestão. Vale a pena. O Brasil quebrado, apoiamos a decisão. Políticos não comprometidos, apoiamos a sugestão. Menos alguns reais no bolso por algum tempo, ficaremos felizes com os nossos reservatórios cheios e com a cachoeira voltando a ser o que Castro Alves descreveu.


Otto Alencar e Antônio Galdino estão certos. Assemelham-se a Noé e a João Batista. Se nós os ouvirmos em tempo, se lhe dermos ouvidos, não haverá dilúvio e a pregação certamente não será no deserto. O vento não espalhará tão facilmente as suas palavras.



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