Poucas horas depois de ser descoberto pela Nasa,
corpo celeste do tamanho de um campo de futebol cruza os céus a distância menor
que a que separa o planeta da Lua. Astrônomos discutem perigos de descobertas
tardias.
No
último fim de semana, astrônomos foram pegos de surpresa. Apenas 21 horas
depois de ser descoberto por especialistas da Nasa no Arizona, um asteroide de
grandes proporções passou a somente 200 mil quilômetros da Terra, o que
equivale à metade da distância que nos separa da Lua. Batizado de 2018 GE3, o
asteroide tem um diâmetro estimado de 50 a 100 metros.
Trata-se do segundo
acontecimento do tipo neste ano. Em 9 de fevereiro, o asteroide 2018 CB, com
diâmetro de 20 a 40 metros, passou pela Terra – muito mais perto que o do
último fim de semana: 64.500 quilômetros. Mas no caso do 2018 CB, ele foi
descoberto alguns dias antes de chegar próximo ao planeta.
Astrônomos
vasculham o céu dia e noite, buscando objetos desconhecidos próximos da Terra.
Telescópios varrem o firmamento automaticamente, mas é possível que asteroides
menores, com diâmetros de 20 a 100 metros, escapem ao radar.
“Esses
objetos menores só são detectados quando já chegaram relativamente perto da
Terra”, explica o astrônomo Manfred Gaida, do Centro Aeroespacial Alemão (DLR),
com sede em Bonn.
No entanto, não é
só tamanho que determina com quanta antecedência e precisão os astrônomos
detectam novos corpos celestes: também a direção de onde partem tem um papel
decisivo. Quando vêm no sentido contrário ao do Sol, refletem seus raios, tendo
mais probabilidade de serem descobertos do que se vêm diretamente de onde a
estrela se encontra.
“Do
ponto de vista humano, é antes um acaso quando se descobrem tais objetos
próximos da Terra”, afirma Gaida.
O 2018
CB pertence ao grupo dos asteroides Apolo, que cruzam a órbita terrestre em
dois pontos. A descoberta acidental de que ele passou tão perto da Terra é
certamente uma peculiaridade estatística, mas que não representa qualquer
perigo.
Tempo para afastar os perigos maiores
No caso
do asteroide Apophis, o sistema de radar dos astrônomos funcionou bem mais
cedo. Segundo cálculos, em 13 de abril de 2029 ele passará perto do planeta
abaixo do cinturão de satélites geoestacionários, portanto bem mais perto do
que os dois asteroides que surprenderam astrônomos neste ano.
Além
disso, com 300 metros de diâmetro, o Apophis é mais de 100 vezes maior do que o
2018 CB e mais de três vezes maior que o 2018 GE3. Para os seres humanos
contudo, mesmo munidos de binóculos, ele não passará de um ponto mínimo no céu.
Um asteroide do
tamanho do recém-detectado 2018 GE3 poderia provocar danos significativos,
sobretudo se caísse sobre uma área habitada. Supõe-se que ele seja maior que o
que provocou o chamado Evento de Tunguska, em 1908. Na época, milhões de
árvores caíram após uma explosão na Sibéria. Estima-se que a energia da
explosão de Tunguska tenha sido até mil vezes maior que a da bomba atômica de
Hiroshima.
Gaida
reconhece que “realmente emocionante é detectar objetos que trazem
consequências catastróficas ao se chocar contra a Terra”. Mas não há razão para
pânico: quando pesquisadores descobrem asteroides perigosos assim, pode levar
de dez a 15 anos até eles chegarem ao nosso planeta.
O
astrônomo Detlef Koschny, da Agência Espacial Europeia (ESA), está seguro de
que, nesse caso, haveria tempo suficiente para desviar um desses corpos celestes
ameaçadores. Para tal, bastaria enviar uma grande massa para se chocar com ele,
tirando-o minimamente de órbita. O tempo que ele ainda teria para voar
garantiria que não atingisse a Terra.
DW.COM
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