A ex-presidente
Dilma Rousseff reagiu nesta quinta-feira ao depoimento do empreiteiro Marcelo Odebrecht prestado
ao Tribunal
Superior Eleitoral (TSE) em que ele confirmou o caixa dois
na campanha da chapa Dilma-Temer nas eleições de 2014. Em nota, a petista
classificou a informação como “mentirosa” e “um insulto à sua honestidade”,
negando que tenha pedido recursos da Odebrecht ou autorizado pagamentos por
fora a prestadores de serviços.
“A insistência em impor à
ex-presidente uma conduta suspeita ou lesiva à democracia ou ao processo
eleitoral é um insulto à sua honestidade e um despropósito a quem quer conhecer
a verdade sobre os fatos”, escreveu a assessoria de Dilma. Ela também questionou o
fato de as informações virem à tona no mesmo momento em que novas suspeitas
recaem sobre os “artífices do golpe de 2016”, referindo-se aos homens
fortes do governo Temer.
Preso na Operação
Lava-Jato, o herdeiro da holding que leva o seu sobrenome prestou
ontem depoimento de quatro horas ao ministro
do TSE Herman Benjamin, relator do processo que investiga a
chapa por abuso de poder econômico e político. A ação pode resultar na perda de
mandato do presidente Michel Temer e na declaração de inelegibilidade de
Dilma.
Na oitiva, Odebrecht também
confirmou o pagamento feito ao publicitário João Santana, responsável pela
campanha em 2014, com recursos de caixa dois acertados com o então ministro
da Fazenda, Guido Mantega. Ao final do depoimento, ele afirmou
que não tinha como “dar certeza” se Dilma e Temer sabiam das negociações e de
“qualquer ilicitude nas doações”.
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O empreiteiro afirmou que o
governo petista, ainda na gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, teria negociado com a empresa duas “contrapartidas” por
uma medida provisória negociada por Mantega ainda em 2009 e que beneficiaria a
empresa. Os recursos não teriam sido usados na campanha de 2010 e teriam ficado
como um crédito para uso posterior, no valor de 50 milhões de reais.
No texto, Dilma nega que
tenha indicado o seu ex-ministro da Fazenda para tratar de arrecadação
eleitoral e ressaltou que “todas as doações (…) foram feitas de acordo com a
legislação, tendo as duas prestações de contas sido aprovadas pelo Tribunal
Superior Eleitoral”.
Confira
abaixo a nota na íntegra:
Sobre
as declarações do empresário Marcelo Odebrecht em depoimento à Justiça
Eleitoral, a Assessoria de Imprensa de Dilma Rousseff afirma:
1. É
mentirosa a informação de que Dilma Rousseff teria pedido recursos ao senhor
Marcelo Odebrecht ou a quaisquer empresários, ou mesmo autorizado pagamentos a
prestadores de serviços fora do país, ou por meio de caixa dois, durante as
campanhas presidenciais de 2010 e 2014.
2.
Também não é verdade que Dilma Rousseff tenha indicado o ex-ministro Guido
Mantega como seu representante junto a qualquer empresa tendo como objetivo a
arrecadação financeira para as campanhas presidenciais. Nas duas eleições, foram
designados tesoureiros, de acordo com a legislação. O próprio ex-ministro Guido
Mantega desmentiu tal informação.
3. A
insistência em impor à ex-presidenta uma conduta suspeita ou lesiva à
democracia ou ao processo eleitoral é um insulto à sua honestidade e um
despropósito a quem quer conhecer a verdade sobre os fatos.
4.
Estranhamente, são divulgadas à imprensa, sempre de maneira seletiva, trechos
de declarações ou informações truncadas. E ocorrem justamente quando vêm à tona
novas suspeitas contra os artífices do Golpe de 2016, que resultou no
impeachment da ex-presidenta da República.
5.
Dilma Rousseff tem a certeza de que a verdade irá prevalecer e o caráter lesivo
das acusações infundadas será reparado na própria Justiça.
6.
Por fim, cabe reiterar que todas as doações às campanhas de Dilma Rousseff
foram feitas de acordo com a legislação, tendo as duas prestações de contas
sido aprovadas pelo Tribunal Superior Eleitoral.
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