Preocupado
com notícias divulgadas no fim de semana com inúmeras ilações sobre sabotagem
envolvendo a queda do avião do ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori
Zavascki, na última quinta-feira (19), em Paraty, o presidente Michel Temer
convocou o ministro da Defesa, Raul Jungmann, e o comandante da Aeronáutica,
brigadeiro Nivaldo Rossato, para se informar sobre a investigação que está
sendo realizada pela Força Aérea e sobre os prazos de conclusão dos
trabalhos. As primeiras informações repassadas ao presidente foram de que
quando as condições climáticas são ruins, como aconteceu na hora do acidente,
quando chovia forte, a falta de equipamentos de auxílio de instrumentos no
aeroporto de Paraty, aumenta os riscos da operação naquela região, onde há
registros de inúmeros acidentes. Embora todas as avaliações estejam sendo
feitas e nada seja descartado, as informações chegadas ao Planalto até agora
dão conta de que o que houve foi realmente um acidente. A avaliação de
militares é de que houve desorientação do piloto por conta do mau tempo, mas a
Aeronáutica evita qualquer avaliação preliminar sobre as causas do
acidente. No início da manhã desta segunda, em entrevista ao jornal O
Estado de S.Paulo, o comandante da Aeronáutica, o brigadeiro Nivaldo Rossatto,
declarou que "o ideal é que ninguém fosse para aquela região quando o
tempo estivesse ruim porque lá a operação é apenas visual e o aeroporto não
opera por instrumentos". Segundo ele, o aeroporto de Paraty "fecha
com facilidade e é comum aumentar o risco para este tipo de operação, já que
ele está no meio de morros, e sem auxílio de navegação". Questionado
se há previsão de que sejam feitas melhorias no aeroporto de Paraty, o
comandante lembrou que isso "depende de muitos fatores". Esta, no
entanto, não é uma decisão da FAB. O comandante lembrou que existem dezenas de
aeroportos similares ao de Paraty no Brasil mas, ao comentar as condições da
região, observou que o movimento de helicópteros e aviões láé grande , assim
como o número de acidentes. Na reunião realizada no Planalto pouco antes
da hora do almoço e que durou cerca de meia hora, Temer foi informado de que
não há prazo para o fim das investigações e que, desde o fim de semana, os
técnicos tentavam recuperar o gravador de voz que havia sofrido danos devido ao
contato com a água do mar. O equipamento precisa passar por processo de secagem
para que se tenha certeza de que todos os dados e vozes poderão ser
integralmente recuperados. Mais tarde, Temer foi avisado que os técnicos do
Cenipa - Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos conseguiram
recuperar "em perfeito estado" todas as gravações feitas nas cabines
com os últimos 30 minutos de voo. Na conversa da manhã, Temer pediu
"celeridade" às investigações, "sempre observando todas as
regras e normas legais" exigidos. Como o tempo de voo entre o Campo
de Marte, de onde partiu o avião transportando o ministro Teori para Paraty, é
de pouco mais de 40 minutos, praticamente toda a conversa do piloto foi
preservada com a recuperação do conteúdo de voz da caixa-preta do King Air. O
avião decolou às 13h01 e caiu pouco depois das 13h30. Também foram recolhidas
no Departamento de Controle do Tráfego Aéreo (DECEA), as conversas mantidas
entre o piloto e os controladores, no período em que o avião estava passando
pela área que é monitorada, antes de entrar na região sem cobertura de radar,
nas proximidades de Paraty, onde o voo só pode ser feito de forma visual pelo
piloto. No final da manhã desta segunda, o comandante disse ainda ao
presidente Temer que além da fita do gravador, há muitas outras análises a
serem feitas nos equipamentos e destroços. Informou, por exemplo, que sequer o
motor do avião havia sido retirado dos destroços. Tudo que foi recuperado
estava sendo transportado para o Rio de Janeiro, onde será estudado. Além do
motor, todas as demais peças da aeronave serão devidamente submetidas a testes
e análises. Os exames dos equipamentos estão sendo feitos no Rio e em Brasília,
onde fica o laboratório de análise e leitura de dados do Cenipa. A
caixa-preta tem "duas partes". A primeira é o gravador em si, que
armazena os dados da aeronave e é altamente protegido. Como estava preservado,
o equipamento já estava sob análise. Já a segunda, chamada de "base",
contém cabos e circuitos que fazem a ligação com o armazenamento de dados e a
gravação das conversas. Essa parte foi "secada" e recuperada com
sucesso pelos técnicos da FAB. O brigadeiro Rossato fez questão de
ressaltar que as investigações da FAB, diferentemente das outras feitas pela
Polícia, visam apenas buscar as condições que levaram ao acidente para que se
possa evitar que outros ocorram. Ele reiterou que seu pessoal "não se
precipita nestas conclusões" e que tudo está sendo analisado, depoimentos
inclusive que falam das fortes chuvas na região, gravações do Decea, enquanto
estava na área monitorada, avaliação dos destroços. "Dependo das
informações que tiverem, eles fazem mais ou menos rápido essa investigação.
Estamos trabalhando desde o primeiro dia", comentou. O comandante não
soube dizer qual foi o ultimo contato do piloto com o controle aéreo da área do
Rio de Janeiro e se ele comentou estar enfrentando algum problema."Não
tenho essa informação. Isso é da investigação", declarou ele,
acrescentando que "os contatos serão apresentados pelo Decea, todas as
conversas até o ponto que ele sai da frequência e passa a fazer voo
visual". (Tânia Monteiro)
BAHIA NOTÍCIAS
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