As primeiras vítimas
do rompimento de duas barragens que chegaram à Arena Mariana, no município
mineiro de mesmo nome, a cerca de 100km de Belo Horizonte, narraram cenas de
medo e heroísmo na madrugada desta sexta-feira. O ginásio está acolhendo
desabrigados pela tragédia.
— Começou um barulho e parecia que
o mundo estava acabando - lembrou a dona de casa Zélia Ana Batista, de 58 anos,
moradora de um dos distritos atingidos pela avalanche de lama e pedras.
A tragédia ocorreu na tarde de
quinta, quando as barragens de rejeitos da empresa Samarco romperam. O número
de vítimas ainda está sendo calculado, e as causas investigadas.
Zélia foi avisada pela Defesa Civil
de que sua casa estava dentro da área de risco. Ela fugiu com o filho de 35 e
conseguiu levar consigo apenas as roupas que vestia e documentos.
— Subimos um morro e lá em cima
tinha um ônibus esperando. Perdi tudo: máquina de lavar, fogão novo, dois
televisores, DVD... - contabiliza a mulher, que ficou viúva há um mês.
Funcionária de uma escola municipal
em Bento Rodrigues, primeiro distrito a ser atingido, Lucinélia Euzébio, de 36
anos, contou que a tragédia revelou também histórias de heroísmo.
— O filho da minha vizinha, de 3
anos, foi salvo graças aos latidos desse cachorro, que é de um outro vizinho.
Ele indicou onde o garotinho estava, e o pessoal tirou a criança de dentro da
lama - disse, apontando um cão malhado que foi acolhido na Arena.
Segundo ela, mãe e filho foram
encaminhados para um hospital local. Lucinélia afirmou que suas próprias
filhas, duas meninas de 4 e 9 anos, foram salvas graças à sua irmã. A casa de
Lucineia foi invadida pela lama sem que nem seus documentos pudessem ser
encontrados.
De acordo com o guarda municipal
Alisson Santos, dezenas de famílias ainda são esperadas na Arena, onde pilhas
de roupas, sapatos, material de higiene pessoal e alimentos os aguardam. As
doações foram feitas por moradores da região e empresas locais. Santos, que
afirma ter visto um cenário "assustador" no local atingido, disse que
muitas famílias ainda estão ilhadas e devem ser resgatadas apenas pela manhã.
O Hospital Monsenhor Horta informou
que será divulgado um boletim sobre o número de vítimas atendidas na unidade
apenas depois das 7h desta sexta-feira.
MSN
Nenhum comentário:
Postar um comentário