A cena descrita pelas repórteres
Natuza Nery e Marina Dias, da Folha de S. Paulo, ocorreu na sexta-feira dia 26
de junho, na biblioteca do Palácio da Alvorada. Estavam ali a presidente Dilma
Rousseff e os ministros Aloizio Mercadante, da Casa Civil, Edinho Silva, da
Comunicação Social, e José Eduardo Cardozo, da Justiça. E também Giles Azevedo,
assessor especial de Dilma.
A presidente os convocara para
discutir reportagem da VEJA onde o empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC,
havia dito que doara dinheiro sujo para a campanha de Dilma no ano passado. Às
vésperas de embarcar para se reunir com o presidente Barack Obama nos Estados
Unidos, Dilma estava furiosa.
Segundo o relato publicado neste
domingo (12) pela Folha, “agitada, andando em círculos e gesticulando muito”,
Dilma olhou para seus auxiliares e bradou, indignada: "Não sou eu quem vai
pagar por isso. Quem fez que pague". E insistiu: "Eu não vou pagar
pela merda dos outros".
Lá pelas tantas, a culpa acabou
caindo nas costas do ministro da Justiça. "Você não poderia ter pedido ao
Teori [Zavascki] para aguardar quatro ou cinco dias para homologar a
delação?" – perguntou Dilma.
Ela se referia ao ministro
responsável no Supremo Tribunal Federal (STF) pelos processos da Operação Lava
Jato. Foi ele que homologou a delação premiada de Pessoa. "Isso é uma
agenda nacional, Cardozo, e você fodeu a minha viagem".
No início da semana passada, Cardozo
intermediou um encontro às escondidas na cidade do Porto, em Portugal, entre
Dilma e Ricardo Lewandowski, presidente do STF. Os três discutiram o aumento
dos servidores do Judiciário, a Operação Lava Jato e o que o STF poderá fazer
para impedir o eventual sucesso de um pedido de impeachment de Dilma.
Fonte: Ricardo Noblat / O Globo
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