A TV Record exibiu nesta segunda-feira o programa jornalístico “Repórter Record Investigação”.
A estrutura jornalística da rede Record tem condições de sobra
para produzir um programa mais completo sobre o chamado “polígono da
maconha”. Deixou muito a desejar.
Por exemplo, não foram ouvidas autoridades
dos municípios locais duramente atingidos pela violência ocasionada em razão
das drogas: delegados de polícia, promotores, juízes, comandantes de
destacamentos militares, líderes regionais, prefeitos, vereadores, diretores de
escolas, membros de conselhos tutelares,
et cetera. As pessoas entrevistadas foram poucas diante daquele
universo de delinqüência.
O programa deu a entender que a maconha é totalmente transportada para outras regiões mais distantes do pólo produtor. Não é. Há tráfico local. Há consumo local. Está espalhado tanto no meio urbano quanto na zona rural. É uma catástrofe. Jovens do campo, filhos de pequenos agricultores, que sempre se ocuparam de cuidar do sustento de suas famílias, hoje muitos deles estão envolvidos com o mundo das drogas.
A operação de combate ao plantio de maconha que a TV Record
acompanhou tão competentemente foi feita pela Polícia Federal. Está bem. Mas
faltou ouvir as secretarias de segurança pública dos estados envolvidos,
mormente Bahia e Pernambuco, para saber sobre o papel que desempenham ou do não
cumprimento dele. Por que esses estados são tão ausentes e não ocupam aquelas
rotas sobejamente conhecidas, por onde circulam as drogas?
O programa pareceu mais uma exaltação ao trabalho da Polícia Federal que, aliás, tem a obrigação de cumprir o seu papel, sem nenhum favor. O programa não tocou, com mais ênfase, no ponto crucial, que é a falta de segurança na região, o abandono total, a ausência de empenho dos governos estaduais para
Fraco, muito fraco. Alguns podem argumentar que o jornalístico
cumpriu o seu papel e mostrou o plantio, o tráfico e o combate à maconha e isto
basta. Mas mostrou somente uma parte da realidade. Há muito mais.
As imediações do trevo de Ibó que o programa tanto falou são
perigosas, mas perigosos são também todos os trechos das estradas da região,
inclusive as vicinais. De qualquer forma, o programa foi útil. Prestou um
grande serviço ao mostrar a fraqueza humana, a miséria e o fim trágico de
pessoas que se envolveram com o submundo das drogas.
O programa não citou todos os municípios envolvidos com o
plantio de maconha, ou por falta de espaço na grade de programação da emissora
ou por mero recurso jornalístico.
O “polígono da maconha” é extenso, abrange
municípios baianos e pernambucanos que sequer foram citados. Por isto o
programa pecou. O mapa daquele crime precisa ser totalmente conhecido.
chorrochoonline
Fonte: araujo-costa@uol.com.br
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