Cidade agropecuária, localizada no Vale do Araguaia e com menos de 27 mil habitantes, a pequena Querência se movimentou rapidamente, diante da presença do artista, considerado um dos mais populares do país. A suposta participação de Leonardo nos negócios e a chancela dada por ele na divulgação foram os principais motivos para que muitos dos compradores acreditassem na credibilidade dos empreendimentos.
Um dos residenciais, no entanto, chamado Munique Smart Life e que é subdividido em três áreas (Munique I, Munique II e Munique III), com cerca de 800 lotes, está parado, sem previsão de entrega, apesar de todas as promessas feitas e de já ter movimentado milhões em vendas, inclusive com muitos lotes já quitados. Os compradores, sentindo-se vítimas de um golpe, querem a rescisão dos contratos, devolução do dinheiro pago e indenização por danos morais.
Prejuízo milionário a compradores
O Metrópoles teve acesso a cinco ações judiciais movidas por compradores de lotes nos residenciais divulgados por Leonardo em Querência, em parceria com a empresa AGX. Uma delas foi movida pela Associação Residenciais Munique, grupo criado para aglutinar em um único processo o caso de 100 pessoas prejudicadas financeiramente com a compra dos tais lotes. A ação tem valor de causa estimado em R$ 2,8 milhões.
Além de Leonardo, da AGX e do empresário Aguinaldo Anacleto, a ação é movida, ainda, contra corretores e imobiliárias da cidade, que intermediaram as negociações, e também contra a prefeitura do município. À época da primeira visita de Leonardo a Querência para lançar os empreendimentos, o então prefeito, Fernando Gorgen (União Brasil), esteve ao lado do cantor, garantindo o apoio do poder público a iniciativa.
Vendas teriam rendido mais de R$ 48,1 milhões
As 100 pessoas prejudicadas integrantes da Associação Residenciais Munique adquiriram os lotes nas parcelas Munique I e II do residencial. Juntas, conforme a divisão do terreno, essas áreas ficaram com 462 lotes à venda, entre comerciais e residenciais. Todos, segundo a denúncia, teriam sido vendidos por um valor médio de R$ 104.218,54, cada. Isso significa que, somente, nessas duas etapas do loteamento, o valor arrecadado teria ficado em torno de R$ 48,1 milhões.
O que dizem Leonardo e Aguinaldo Anacleto?
Em resposta ao Metrópoles, Leonardo informou, via assessoria de imprensa, que os advogados dele já estão sabendo do caso e tomando as providências cabíveis. O cantor alega que atuou, apenas, como garoto-propaganda do empreendimento da AGX, em Querência, assim como costuma anunciar em campanhas de empresas e produtos diversos. Ele afirma, ainda, que não é sócio e não tem participação no negócio.
Já a AGX, de Anacleto, alega que o projeto do residencial Munique Smart Life “não envolve a venda de lotes, mas sim a captação de investidores por meio de cotas dentro de uma Sociedade em Conta de Participação (SCP), estrutura jurídica devidamente regularizada e em conformidade com a legislação vigente”.
A empresa afirma, ainda, que “um pequeno grupo de investidores, incentivado por um advogado que criou uma associação irregular, ingressou com ações judiciais sem embasamento, distorcendo informações sobre o projeto”. Segundo a companhia, o empreendimento segue em desenvolvimento, apesar da paralisação nos últimos anos. “Eventuais questionamentos jurídicos estão sendo tratados no devido foro competente, com a plena convicção da regularidade dos procedimentos adotados”, aponta a AGX.
Em relação ao processo de reintegração de posse, movido pelos antigos donos do terreno, que alegam atraso no pagamento do valor acordado, a empresa diz que não há decisão judicial definitiva sobre o caso e contesta os argumentos do vendedor da área. Segundo a AGX, ele “fixou o pagamento em sacas de soja e não aceitou a variação do índice conforme determina a lei”.
“A negociação segue judicialmente, mas não há inadimplência reconhecida e a paralisação das obras decorre da inadimplência de investidores, incentivada por calúnias e desinformação”, alega a empresa.
Sobre a participação do cantor Leonardo, a AGX afirma que ele “não tem nenhuma vinculação ou responsabilidade contratual sobre a administração e execução dos empreendimentos em Querência”. O cantor, segundo a empresa, “firmou uma parceria de publicidade, cedendo o direito de uso de sua imagem. Ao firmar essa parceria, ele também apostou no empreendimento, acreditando em seu sucesso, mas não possui qualquer participação ou responsabilidade administrativa nos empreendimentos”.
A parceria com o artista, conforme a AGX, “envolveu o uso de sua imagem e, em contrapartida, a participação em cotas, nos mesmos moldes dos demais clientes”.
Por Metrópoles
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