DEPUTADO JEAN WYLLYS (PSOL-RJ) RENUNCIA A MANDATO
CITANDO AMEAÇAS
O deputado do PSOL, ativista da causa LGBT, disse, em uma rede
social, que 'preservar a vida ameaçada é também uma estratégia da luta por dias
melhores'.
O
deputado federal Jean Wyllys, do PSOL, anunciou que não vai tomar posse para o
novo mandato por ter sofrido ameaças.
Jean Wyllys disse
que está de férias fora do Brasil, sem falar em qual país, e afirmou que não
vai voltar. O deputado - primeiro parlamentar declaradamente gay e ativista da
causa LGBT - disse nesta quinta-feira (24), em uma rede social, que preservar a
vida ameaçada é também uma estratégia da luta por dias melhores.
Ele explicou à
“Folha de S. Paulo” alguns motivos que levaram à decisão de deixar a vida
pública e abrir mão do mandato. Disse que pensou nisso desde que passou a viver
sob escolta, quando aconteceu a execução da vereadora do PSOL pelo Rio,
Marielle Franco. Falou que nunca achou que as ameaças de morte contra ele
pudessem acontecer de fato e, quando teve a execução de Marielle, teve noção da
gravidade. Outra causa, segundo o parlamentar, foi a difamação sistemática
feita contra ele em campanha baseada em fake news. E citou o "kit
gay".
Jean Wyllys também
fez referências ao presidente Jair Bolsonaro. Na Câmara, eles se desentenderam
em plenário, quase chegando a agressão física. Contou que o atentado contra
Bolsonaro, que está por ser explicado ainda, atiçou ainda mais a violência
contra ele nos espaços públicos.
O presidente do
PSOL, partido de Jean Wyllys, confirmou a renúncia. E atribuiu a decisão ao que
chama de intimidação contra ativistas dos direitos humanos no Brasil.
“O deputado Jean
Willys tem a nossa solidariedade, tem o nosso apoio, evidentemente vai fazer
muita falta na Câmara dos Deputados. Mas eu tenho certeza que as suas causas
são causas que vão continuar tendo muita força no Congresso Nacional levadas a
diante pela bancada do PSOL e pelo conjunto das forças democráticas e
progressistas que que defendem um Brasil mais justo, mais soberano”, disse
Juliano Medeiros, presidente do PSOL.
A
assessoria de Jean Wyllys informou que mais de uma vez o deputado encaminhou as
ameaças contra ele à Polícia Federal, que abriu investigações e ainda estão em
curso.
O presidente da
Câmara, deputado Rodrigo Maia, em uma nota, lamentou a decisão de Jean Wyllys,
reconheceu a importância do mandato do colega e disse que ninguém pode ameaçar
um deputado federal e ficar impune.
O deputado Jean
Wyllys precisa ainda formalizar a renúncia com uma carta à presidência da
Câmara dos Deputados. Só depois, o suplente vai ser convocado.
O Palácio do
Planalto não quis comentar as citações ao presidente.
G1.GLOBO
Nenhum comentário:
Postar um comentário