Filipe Pedreira
tentou arrancar unhas de Clara Vieira, que terminou casamento há 15 dias
No
último domingo, dias das mães, um silêncio que durava três anos foi quebrado.
Não pela vítima, mas pela sua irmã. “Feliz dia das mães! É desse jeito que
exponho a minha dor no dia de hoje. Cansei! Cansei de ‘considerar’ os pedidos
para esconder”, escreveu no Facebook, junto com imagens fortes. As fotos da
mulher espancada, com hematomas por todo o corpo, são da jovem Clara Emanuele
Santos Vieira, 20 anos, filha do prefeito de Muniz Ferreira.
Ela acusa
o seu ex-companheiro, Filipe Fernandes Pedreira, 19, que é filho do prefeito de
Salinas das Margaridas, de tê-la agredido no último dia 8, apenas mais uma das
diversas violências que sofreu em três anos de relacionamento. Segundo Clara
contou aos familiares, amigos e a uma rádio local, ela teve o apartamento
invadido pelo rapaz. Ao chegar, o acusado a teria agredido com xingamentos,
socos, chutes, além de ter cortado seus cabelos, dedos e mordido diversas
partes do seu corpo.
Em um
áudio enviado ao CORREIO com a entrevista que concedeu à rádio, Clara conta que
os dois haviam terminado a relação havia 15 dias, após três anos entre namoro e
casamento. “Eu tava estudando, fazendo um trabalho, quando Filipe chegou
falando que eu tinha outro. Ele me bateu muito. Falava o tempo todo que ia me
deixar careca e que nenhum homem ia me querer. Meu rosto ficou deformado. Não
consigo me olhar no espelho”, disse, chorando.
Irmã
da vítima quebrou o silêncio no dia das mães (Foto: reprodução)
Em seguida, depois que Clara conseguiu
fugir para o apartamento de uma vizinha, Filipe foi atrás da família da jovem e
usou spray de Pimenta para agredir o sogro. O spray também atingiu o filho do
casal, de apenas 1 ano. “Ele foi levado quase desmaiado para o hospital”,
narrou. “Não é a primeira vez que acontece. Só que dessa vez a vizinha ouviu e
chamou a polícia. Consegui fugir e ele foi atrás de minha família”.
Agressor
também tentou arrancar as unhas da vítima (Foto: Reprodução)
Clara
faz faculdade em Santo Antônio de Jesus, onde mora em um imóvel alugado. Ela
contou que já havia sido agredida várias vezes pelo companheiro, inclusive
quando estava grávida. “No decorrer do meu relacionamento eu já apanhei, já
chorei e já perdoei Filipe diversas vezes. Ele sempre foi muito ciumento.
Inclusive na Semana Santa me deu uma surra porque eu liguei a luz do quarto e
ele acordou transtornado. Deu um tiro na parede. Me bateu muito e eu fiquei
toda roxa”.
As
agressões foram tão violentas que a vítima sofreu derrame em um dos olhos.
Clara diz que nunca denunciou por vergonha. “Não queria ver minha família
sofrendo. Sinto vergonha quando olho para meu pai e para meu filho. Não queria
estar fazendo minha família passar por isso”. Filipe e Clara se casaram em
dezembro de 2016. “Meu pai fez um casamento lindo para mim. Sempre ficava
suportando as coisas para não dar desgosto a meu pai”.
Os
hematomas mostram que o agressor mordeu Clara em diversas partes do corpo
(Fotos: Reprodução)
O perfil no Instagram “Todos por Clara”,
criado nesta terça-feira (15), já tem mais de sete mil seguidores. Os amigos da
jovem pedem Justiça e querem ver Filipe preso. Clara denunciou as agressões na
4ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (Coorpin) de Santo Antônio de
Jesus. A jovem também passou por exames no Departamento de Polícia Técnica
(DPT). A 5ª Promotoria de Justiça solicitou à Justiça uma medida protetiva, que
acabou deferida no dia 11. Na medida, o juiz determina o afastamento de Filipe
por 180 dias “do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida”.
Clara, de 20 anos, e Filipe, de
19, se casaram em dezembro de 2016. O filho do casal tem apenas um ano (Foto:
Reprodução)
Algumas condutas também estão proibidas, como a
aproximação da vítima, fixado o limite mínimo de distância de 100 metros,
pessoalmente, por outra pessoa ou por qualquer meio de comunicação, além da
“frequentação dos lugares costumeiramente frequentados pela ofendida, a fim de
preservar sua integridade física e psicológica”. A decisão proíbe ainda que
Filipe mantenha contato com filho do casal, “devendo manter distância mínima de
100 metros por 90 dias”.
OZILDO ALVES
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