Frederick Barbieri fugiu para os EUA em 2010. Em
maio do ano passado ele enviou 60 fuzis para o Rio, mas a carga foi
interceptada no Galeão.
POLÍCIA AFIRMA QUE BARBIERI FOI RESPONSÁVEL PELO
ENVIO AO BRASIL DO MAIOR CARREGAMENTO DE ARMAS JÁ APREENDIDO EM TERMINAL AÉREO
DO PAÍS.
Apontado pela
Polícia Civil como o maior traficante de armas do Brasil,
o brasileiro radicado nos Estados Unidos Frederik Barbieri foi preso na
madrugada deste sábado (24) em sua casa, na Flórida. Ele foi preso por agentes
do Serviço de Imigração e Alfândegas dos Estados Unidos (ICE). Além da prisão,
a polícia americana conseguiu barrar o envio de 40 fuzis para o Brasil.
“A
prisão foi muito importante para acabar com um esquema sofisticado de envio de
armas de guerra dos Estados Unidos para o Brasil. Acreditamos que com a prisão
de Barbieri a organização criminosa está desmantelada”, afirmou o delegado
Fabricio Oliveira, da Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos
(Desarme).
Em nota, o Ministério
da Justiça informou que já apresentou o pedido de extradição de
Barbieri para o governo norte americano. No entanto, houve um pedido de
documentação complementar traduzida para o inglês, explica o governo (
Leia a íntegra da nota no final da reportagem) .
Frederik Barbieri é investigado em
procedimentos criminais instaurados no Brasil e nos EUA.
“Os pedidos de cooperação jurídica
internacional entre os países para produção de provas encontram-se em
andamento”, informa ainda o ministério.
Uma investigação da Delegacia de
Roubos e Furtos de Cargas (DRFC) interceptou o
material e apreendeu as 60 armas, dentro do terminal de cargas do Aeroporto do
Galeão, no Rio de Janeiro. Foi a maior apreensão de armas já
ocorrida em terminal aéreo do país – eram fuzis AK-47, AR-10 e G3 que só
poderiam ser usados por tropas de elite.
Fuzis
apreendidos no Galeão em maio de 2017 estavam escondidos em uma carga de
aquecedores
(Foto: Divulgação)
De
acordo com as investigações, parte desses fuzis seria entregue a traficantes da
Favela da Rocinha, que desde setembro está em guerra. A polícia acredita que
favelas de São Gonçalo também seriam abastecidas com aquele arsenal.
Frederik Barbieri, conhecido como
Senhor das Armas, tinha dois mandados de prisão no Brasil – um da Justiça
Federal da Bahia, por tráfico de munição anos atrás, e outro pela Justiça
Federal do Rio de Janeiro, justamente pelo envio deste carregamento de fuzis
apreendido no Galeão.
A investigação da Polícia Civil
depois foi enviada para a Polícia Federal, que deu sequência e prendeu 11 pessoas envolvidas na quadrilha,
entre eles o filho de Fred, João Felipe e Edson da Silva Ornelas, apontado como
seu contador.
A TV Globo apurou que, além da
prisão de Fred, a polícia americana conseguiu interceptar um carregamento de
mais 40 fuzis que estava sendo preparado para ser enviado para o Brasil
novamente.
Cronologia: Barbieri era procurado há 8 anos
2010: Frederick
Barbieri, que nasceu em Irajá (subúrbio do Rio de Janeiro), passa a ser
procurado pela polícia da Bahia, depois que uma carga de munição para fuzis foi
apreendida no porto de Salvador, em um contêiner que estava no nome dele.
Julho
de 2012: Barbieri
teria fugido para Miami, nos Estados Unidos, com medo de ser preso. Lá, ele
obteve cidadania americana.
2015: Um mandado de
prisão preventiva foi emitido contra ele, que passou a ser considerado foragido
da Justiça brasileira. O Ministério Público também pediu a inclusão dele na
lista de procurados da Interpol, mas o pedido foi negado pela Justiça. Em sua
justificativa para negar o pedido do MP, o juiz Antônio Osvaldo Scarpa alegou
que Frederik tinha endereço conhecido nos Estados Unidos.
No mesmo ano, em abril, um confronto
dentro de um ônibus em Niterói, onde um policial militar foi morto, fez a
Polícia Civil do Rio de Janeiro investigar a procedência de um fuzil de assalto
no calibre 762 apreendido. Os investigadores descobriram que o mesmo tipo de
arma estava sendo usado em diferentes comunidades do Rio para o tráfico de
drogas e o roubo de cargas. As armas seriam intermediada por pelo menos dois
homens, e Barbieri foi apontado como o transportador e fornecedor delas.
Maio
de 2017: A
Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC) intercepta e apreende 60 fuzis AK-47, AR-10 e G3 no
terminal de cargas do Aeroporto do Galeão, no Rio.
Julho
de 2017: A
Polícia Federal emite um segundo mandado de prisão contra Barbieri e uma
mulher, e cumpre nove mandados de prisão em Rio das Ostras e São José do Rio
Preto (RJ). Entre os presos estão o o filho de Barbieri, João Felipe, e Edson
da Silva Ornelas, apontado como contador da quadrilha. Na época, Barbieri
procurou a TV Globo e negou estar envolvido em tráfico de armas.
Fevereiro
de 2018: Barbieri
é preso pelo Serviço de Imigração e Alfândegas dos EUA, que também conseguiu
barrar o envio de 40 fuzis para o Brasil.
BARBIERI NEGA DENÚNCIAS
Em junho do ano passado, logo após a
apreensão de 60 fuzis no
Aeroporto Internacional do Rio, o Galeão, Barbieri conversou com o Fantástico e negou ser
traficante de armas. Foi somente após esta apreensão que o nome dele
foi incluído na Interpol pelo caso de 2010. “Vão tentar me extraditar, só que
eu volto a dizer: eu sou cidadão americano”, disse ele na ocasião.
Ele próprio procurou a Globo após
ter seu nome divulgado como traficante internacional de armas. Carioca do
Irajá, Zona Norte do Rio, ele confirmou, na ocasião, que vivia em Miami (EUA) e
que tinha uma empresa, mas negou trabalhar com comércio exterior. “Eu tenho uma
empresa aqui nos Estados Unidos, mas é de consultoria”, disse.
Na entrevista, ele também afirmou
que nunca gostou de armas por uma razão familiar: o assassinato do pai. “Mataram meu pai
na Baixada Fluminense por briga de terra. Então, como é que eu vou gostar de
arma?”, argumentou
NOTA DO MINISTÉRIO DA JUSTIÇA
Leia
a íntegra da nota:
Segundo o
Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional, do
Ministério da Justiça e Segurança Pública, o pedido de extradição de Frederik
Barbieri já foi apresentado para o governo norte americano, mas houve um pedido
de documentação complementar. Agora, estão aguardando o Poder Judiciário enviar
a documentação complementar devidamente traduzida para o inglês.
Frederik Barbieri é
investigado em procedimentos criminais instaurados no Brasil e nos EUA. Os
pedidos de cooperação jurídica internacional entre os países para produção de
provas encontram-se em andamento.
G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário