© AFP Valentino Talluto foi preso
"Seus atos tinham como único
objetivo matar". Foi assim que promotores descreveram o que fez o contador
italiano Valentino Talluto, condenado nesta sexta-feira a 24 anos de prisão por
infectar mais de 30 mulheres com HIV (vírus que transmite a Aids) intencionalmente.
Sob o pseudônimo "Hearty
Style", Talluto conheceu por meio da internet mais de 53 mulheres, com as
quais fez sexo desprotegido e sem contar que era portador do vírus até ser
preso, em novembro de 2015.
Quando algumas delas lhe pediam para
fazer sexo com proteção, o italiano, de 33 anos, alegava ser alérgico a
preservativos e que tinha acabado de fazer um teste que descartou a presença de
qualquer doença sexualmente transmissível.
De todas as vítimas de Talluto, 32
mulheres foram infectadas, assim como os cônjuges de três delas e o bebê de uma
quarta. A criança nasceu com encefalopatia (inflamação no cérebro), segundo os
médicos, "devido ao vírus HIV contraído da mãe durante o nascimento".
Muitas das parceiras do italiano eram
estudantes. Algumas já eram mães. A mais jovem tinha 14 anos e a mais velha, 40
anos.
Quando várias delas descobriram, por
meio de exames de rotina, que eram portadoras do vírus, entraram em contato com
Talluto, que alegou que não tinha nada a ver com o contágio.
Outras só souberam de sua condição
quando a prisão dele foi noticiada pela imprensa.
Durante o julgamento, que começou em
março deste ano em Roma, as vítimas descreveram os horrores do HIV, incluindo o
estigma, e o fardo do tratamento.
Algumas delas continuaram com Talluto
meses depois de descobrirem que tinham o vírus. No final, foi a traição
compulsiva dele - o italiano chegava a manter seis relacionamentos ao mesmo
tempo - que as afastou.
© AFP Talluto dizia ser alérgico a preservativos
'Sem intenção'
A acusação pediu a prisão perpétua de
Talluto por ele ter causado de forma intencional "uma epidemia".
Por outro lado, a defesa alegou que
os atos do italiano foram "imprudentes, mas sem intenção".
Segundo seu advogado, Talutto era um
homem carente de afeto, que nunca conheceu seu pai e perdeu sua mãe, viciada em
drogas e soropositiva, há quatro anos. Além disso, argumentaram que as mulheres
poderiam ter sido infectadas por outros homens.
© AFP Advogado de Talluto alegou que atos foram
"imprudentes, mas sem intenção"
No fim do mês passado, Talluto
quebrou o silêncio. Ele se mostrou arrependido pelo que fez, mas disse não ter
consciência dos seus atos.
"Muitas das mulheres com quem me
relacionei conheceram meus amigos e parentes. Disseram que eu queria infectar a
maior quantidade de pessoas possível. Se fosse assim, teria buscado sexo casual
em bares; não teria compartilhado minha intimidade com elas", alegou.
Ao fim de mais de 10 horas de
julgamento, Talluto foi considerado culpado por ter causado "danos físicos
graves e incuráveis" a suas vítimas e condenado a 24 anos de prisão.
O juiz, contudo, não acatou o
argumento da acusação de que o italiano teria provocado uma
"epidemia".





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