Mãe desabafa:
humilde e desprezada
O filho de dona Marina, o jovem Odair Amorim da Silva, de 24
anos – portador de síndrome de Down-, que tem uma doença grave nas córneas e
precisa urgentemente de um transplante para um dos olhos e cirurgia para o
outro. Os procedimentos já deveriam ter sido feitos há dois meses, segundo
recomendações médicas.
″Ele usava óculos direto e há três meses o médico me pediu
que fizesse a cirurgia com urgência em Aracaju, e eu pensei, meu Deus e agora?,
fui a prefeitura, consegui umas passagens para começar o tratamento e o médico
de lá me pediu R$ 3.700 para exames e cirurgias″ conta dona Marina,moradora da
Rua Marechal Rondon, centro de Paulo Afonso.
Odair Amorim
na madrugada de hoje (26).
Aí começa a chaga de
quem precisa do serviço público de saúde em Paulo Afonso, fora do período
eleitoral, cuja realidade era outra: atendimentos aos domingos, exames a jato,
consultas… enfim, uma resolutividade de deixar os países europeus com inveja.
Mas passados pouco mais de três meses do
pleito, com tudo arrumadinho, sem a necessidade do estelionato da boa fé do
povo, eis que dona Marina, como ela mesma narra ‘não tem parentes
importantes e é pobre’ arregaçou as mangas, fez rifa, feijoadas, veio os amigos
e vizinhos, ajudaram-na e, feliz por ter conseguido juntar o dinheiro da
cirurgia solicitou mais uma vez ajuda da prefeitura para chegar em Aracaju e
evitar que o filho fique cego, além de todo sofrimento pelo qual já passa.
Então, o que os senhores acham que fez a
Secretaria de Saúde de Paulo Afonso?, muito simples: em duas oportunidades,
deixou dona Marina e seu filho esperando de madrugada na porta de casa.
Para alguém cuja necessidade do transplante é
urgente, lá vai dona Marina ligar para a clínica de Aracaju, e desmarcar, a
cirurgia que aconteceria segunda-feira (23), e aí passam-se os dias, então,
mais uma vez, cirurgia confirmada para hoje, quinta-feira, os dois, mãe e
filho, na madrugada sem dormir, sem informação, ficam de plantão no sereno
esperando o carro da prefeitura, que novamente não veio.
″A cirurgia estava marcada para às 10 horas
da manhã, falei com a assistente social da secretaria, que remarcou de ontem
para hoje, de novo não vieram, eu estou aqui, e não tô boa não″, diz com seu
jeito verdadeiro, ela que sofre com a diabetes e vem acumulando noites de
insônia.
″Humilhação e desprezo, tenho certeza que se
fosse a mãe ou a irmã da assistente social não teria sido tratada dessa forma,
eu passo porque não tenho condições″, desabafou.
OZILDO ALVES
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