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sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

CHORROCHÓ, TEMPO DE FESTA OU DE ORAÇÃO?

Por Walter Araújo Costa

Em meio a tantas atribulações a que as populações estão envolvidas, de vez em quando o calendário da Igreja possibilita uma pausa para permitir que todos se envolvam em orações.

Em Chorrochó, realiza-se nesta última quinzena de janeiro a festa do padroeiro Senhor do Bonfim. É uma oportunidade para que os católicos abandonem seus momentos de egoísmo e arrogância e dêem lugar às orações, normalmente negligenciadas no dia-a-dia.

Todos os dias durante o novenário, época de contrição e louvor, após a bênção do Santíssimo Sacramento, o celebrante desperta os fiéis no sentido de que o nome de Jesus é bendito: “Bendito seja Jesus Cristo no Santíssimo Sacramento do Altar!”. É um louvor em desagravo das blasfêmias. E pede para que Deus derrame bênçãos “sobre o chefe da nação e do estado e sobre todas as pessoas constituídas em dignidade, para que governem com justiça”. 

Palavras fortes - dignidade e justiça - sem as quais nenhum governante desempenha seu papel a contento.

A oração é uma velha fórmula adotada pela Ordem dos Frades Menores Capuchinhos (OFMC) do Convento da Piedade, em São Salvador da Bahia, que se estende historicamente deste o século XVII: oração pela pátria, pela Igreja e pelo Santo Padre.

Chorrochó, a exemplo de todos os lugares, padece das injunções de uma sociedade violenta, desrespeitosa, degradante, alheia às coisas da Igreja e, sobretudo, tendente à vulgaridade.

Hoje é comum – e Chorrochó não é diferente – que durante celebrações, tais como missas e quaisquer outras atividades da Igreja, aconteçam, simultaneamente, nas proximidades dos templos, conversas estridentes, algazarras, tumultos e serviços de som altamente incompatíveis com o momento religioso.  E aí se somam o uso imoderado de bebidas alcoólicas, inclusive por menores, possível consumo de drogas e movimentação de veículos nem sempre conduzidos por pessoas legalmente habilitadas.

As pessoas não se educam, de modo que não sabem ou não querem discernir horas de lazer de momentos de oração e respeito. Em última análise, é um desrespeito ao direito de quem não compartilha com os mesmos gostos.

Tenho sido crítico da Igreja Católica por não ter conseguido manter em seu rebanho as pessoas que ela mesma batizou, em razão de seu apego a valores sabidamente ultrapassados que a Santa Sé não tem interesse em  flexibilizá-los.

Contudo, não deixo de reconhecer que grande parte desse fenômeno deriva da instituição família, que se esfarelou de tal forma que se tornou incapaz de educar seus filhos para o caminho da Igreja.

Mas Chorrochó está em tempo de oração. Rezemos por todos nós.

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