Lindbergh
Farias (PT-RJ)
BRASÍLIA
- Representantes da oposição afirmaram nesta quarta-feira, 19, que a
possibilidade de o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) firmar acordo de
delação premiada pode prejudicar o governo do presidente Michel Temer. O
ex-presidente da Câmara foi preso no início desta tarde por ordem do juiz Sérgio Moro. O
peemedebista nega que esteja negociando o acordo com a força-tarefa da Operação
Lava Jato.
O líder da oposição, senador Lindbergh Farias (PT-RJ), ao
anunciar no plenário do Senado a prisão preventiva de Cunha, disse torcer por
uma delação e afirmou que, caso aconteça, o governo de Michel Temer não irá
resistir.
"Acaba de ser preso Eduardo Cunha. E eu, sinceramente,
espero que ele faça uma delação. Se ele fizer uma delação, esse governo de
Michel Temer não se sustenta por um dia", anunciou Lindbergh ao plenário
lotado, que votava uma medida provisória.
O senador também registrou que a prisão de Eduardo Cunha
procedeu de forma diferente de outras ações da Lava Jato. "Essas ações da
Lava Jato aconteceram com grande cobertura midiática. Dessa vez, não aconteceu.
Espero que seja uma mudança de procedimento", afirmou. Segundo o senador,
ações que envolvem membros do PT são anteriormente avisadas para a imprensa e
acontecem no início da manhã.
O deputado Silvio Costa (PTdoB-PE) afirmou que a prisão do
deputado cassado vai representar o fim do governo do presidente Temer. Costa
foi um dos muitos deputados da oposição que defenderam que Cunha deveria fazer
uma delação premiada e contar detalhes dos esquemas de corrupção do qual é
acusado de participar, como o investigado pela Operação Lava Jato.
“Muitos deputados vão aumentar o uso de Lexotan, e eu sei que lá
no Palácio do Planalto tem muita gente pedindo entrega a domicílio de
calmante”, disse Costa.
O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) também afirmou que um eventual
acordo de colaboração premiada de Cunha poderia prejudicar Temer. “Cunha é a
delação das delações, ele, sem dúvida, pode derrubar o governo do presidente
Michel Temer”, disse. "Ele fará tremer os poderes da República. Ele sabe
tudo sobre o PMDB, sobre Romero Jucá, Eliseu Padilha, Moreira Franco e o
próprio presente", completou.
Ivan disse ainda que houve uma “imensa cumplicidade” dos
deputados em relação a Cunha, que postergaram por cerca de oito meses a
tramitação do processo de cassação do mandato do deputado no Conselho de Ética.
“A medida que ele perdeu a imunidade parlamentar, há um mês e pouco, nós
estamos assistindo agora a ação imediata do juiz de Curitiba para prisão
preventiva”, disse.
Parlamentares da Rede, como Miro Teixeira (RJ) e Alessandro
Molon (RJ), também defenderam que Cunha deve fazer um acordo de delação. “Nós
temos que cobrar que Eduardo Cunha colabore com a Justiça, para colaborar com a
sociedade. Essa é uma maneira de ele se redimir. Ele faria um grande bem ao
Brasil se delatasse, se desse nomes aos bois, descrevendo qual foi o papel de
cada um deles”, disse Miro.
Presidente do Conselho de Ética que abriu o processo de cassação
de Eduardo Cunha na Câmara, o deputado José Carlos Araújo (PR-BA), parte do
chamado "Centrão", disse que não iria comemorar a prisão do
peemedebista, mas confessou que esperava que ela acontecesse ainda quando ele
exercia a Presidência da Casa.
"Esperei que isso acontecesse pelo Supremo na época em que
ele estava como presidente da Câmara, quando ele fez todas as manobras para
adiar o processo de cassação. Não aconteceu, mas aconteceu agora que ele deixou
de ser deputado", disse.
Araújo afirmou que, ainda que se tratando de Cunha, seu
adversário político, achou "lastimável" a decretação de sua prisão.
"De qualquer forma é um fato lastimável. Ninguém pode se vangloriar disso.
Mas cada um é responsável pelos seus atos e ele está pagando pelos seus
próprios erros", disse.
Assim que a notícia da prisão de Cunha veio a público, o
deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) anunciou a decisão do juiz Sérgio Moro, da
13.ª Vara de Curitiba, no plenário da Câmara. Na hora, não houve manifestações,
nem contra nem a favor do peemedebista.
Fornecido por Estadão
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