Funcionários do Ministério da Transparência 'limpam' gabinete
de Silveira
A saída de Fabiano
Silveira do Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle foi apontada
como um simbolismo das debilidades do governo interino de Michel Temer em
reportagens da imprensa estrangeira nesta terça-feira.
Os
jornais destacaram que o homem à frente da pasta encarregada de combater a
corrupção foi gravado em conversas que sugeriam seu envolvimento em manobras
para obstruir as investigações da Operação Lava Jato.
A
queda de Silveira "desferiu outro golpe contra um governo que parece estar
mancando de um escândalo a outro", diz o jornal americano New York Times.
O
jornal relata a "atmosfera cada vez mais paranoica na capital,
Brasília", em que "membros das elites políticas e econômicas estão
gravando secretamente uns aos outros para fazer acordos de delação
premiada".
Em
tom crítico, o jornal britânico Guardian afirma que "a reputação do
novo governo interino deslizou de frágil para burlesca" após o episódio.
"A
renúncia de Silveira eleva a pressão sobre o governo de Michel Temer, que
encontra dificuldades de sacudir as acusações de que tomou o poder da
presidente suspensa Dilma Rousseff com o objetivo de obstruir a maior
investigação de corrupção na história do país."
Para
o argentino La Nación, "o
desgaste político do governo interino se acelera a um ritmo vertiginoso".
A
reportagem lembra a "indignação" que as conversas entre Silveira e
Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro - subsidiária de logística da
Petrobras - geraram "em amplos setores da sociedade brasileira e inclusive
em organismos internacionais anticorrupção".
Na
segunda-feira, chefes regionais do ministério em pelo menos 21 Estados
entregaram seus cargos ou deixaram-nos à disposição exigindo a saída do ainda
ministro.
Imagens
dos funcionários do Ministério "limpando" o edifício em Brasília
foram transmitidas em emissoras de TV estrangeiras, incluindo a BBC.
Jornais destacam dificuldades do presidente interino, Michel
Temer, em construir sua credibilidade
A conversa com
Silveira e o presidente do Senado, Renan Calheiros, foi gravada por Machado,
novo delator da Lava Jato, em 24 de fevereiro.
Nela,
Silveira critica a condução da Operação Lava Jato pela Procuradoria Geral da
República e dá conselhos a investigados.
Na
segunda-feira, a ONG Transparência Internacional elevou a pressão sobre o
ministro, afirmando que suspendia sua cooperação com o Ministério.
A
cooperação envolvia três frentes de trabalho, uma das quais a participação na
elaboração de propostas para a iniciativa internacional Parceria para Governo
Aberto.
"Não
deve haver impunidade para os corruptos e nem acordos a portas fechadas. É
decepcionante que o ministro encarregado da transparência esteja agora sob
suspeita, como parte de uma operação abafa", disse - antes da renúncia - o
diretor para as Américas da organização, Alejandro Salas.
Fornecido por BBC
Nenhum comentário:
Postar um comentário