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segunda-feira, 23 de novembro de 2015

MANCHA: TÉCNICOS DO IBAMA FAZEM COLETA DE ÁGUA NO SÃO FRANCISCO ENTRE PAULO AFONSO E PIRANHAS

Técnicos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto do Meio Ambiente (IMA) realizaram a coleta de água no Rio São Francisco em um raio de 55 quilômetro para conseguir constatar se ainda há a presença de algas que provocaram aquela mancha escura na água.
Os pontos de coleta foram entre as cidades de Piranhas e Paulo Afonso, na Bahia. os analistas ambientais recolheram água em 10 pontos diferentes, todos dentro do reservatório da Usina Hidrelétrica de Xingó, neste domingo (22).
O material recolhido será analisado pelo Laboratório de Hidroquímica da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e caberá ao professor doutor Paulo Petter, apresentar os resultados.
Após o trabalho deste domingo, a Fiscalização Preventiva Integrada (FPI) vai querer saber se as cianobactérias ainda continuam presentes nas águas do Rio São Francisco. “Já havíamos feito quatro coletas. Isso vem ocorrendo desde abril, quando aconteceu aquele fenômeno. Todos os relatórios apontaram para um processo de eutrofização, que é o enriquecimento do ambiente com nutrientes e floração de algas de uma espécie de dinoflagelados. Nesse caso, essa espécie invasora conseguiu se multiplicar, dominar aquele ecossistema e sua abundância modificou a cor da água, dando-a uma coloração marrom e preta. E o último estudo comprovou um fato ainda mais grave, as cianobactérias se proliferaram nas águas do Lago do Xingó”, explicou Rivaldo Couto, analista ambiental do Ibama e integrante do Núcleo de Emergências Ambientais do órgão.

“O perigo das cianobactérias é que elas podem ser extremamente agressivas à saúde humana. São microalgas que podem causar desde uma simples diarreia, passando por problemas no trato intestinal, até a morte. Nesse último caso, isso pode ocorrer se elas forem consumidas em concentração elevada”, acrescentou Rivaldo Couto.
EQUIPES RECOLHERAM 55 QUILÔMETROS DO RIO SÃO FRANCISCO
Em 22 de fevereiro passado, as usinas de Paulo Afonso I, II e III, ligadas a Usina Hidrelétrica do São Francisco (chesf), fizeram o esvaziamento do seu reservatório, o que permitiu que não somente água fosse liberada. Com ela, foram descartados também matéria orgânica, metais pesados e muito lodo. E tudo isso junto, associado ao esgoto que é jogado no rio ao longo de todo o seu curso, pode ter causado o surgimento das microalgas invasoras. Essa é a principal hipótese investigada.
O que será analisado
A FPI recolheu a água de diferentes formas. Através da sonda multiparamétrica, vários parâmetros serão mensurados, a exemplo de temperatura, saturação, oxigênio, PH e turbidez.
Já as amostras que foram acondicionadas nos frascos serão avaliadas quanto a clorofila, os sólidos em suspensão (que aferem todo o material orgânico e mineral contido na água) e nitrogênio e fósforo (que podem ser indícios da entrada de esgoto dentro do rio).
Um outro equipamento coletou mais água para que pudesse ser medida a quantidade de fitoplâncton no manancial. O resultado apontará as espécies e a densidade das microalgas encontradas.
“Todo esse material será avaliado para que possamos saber se a água está dentro dos padrões estabelecidos em legislação própria para o devido consumo humano. Tanto a Portaria nº 29 do Ministério da Saúde (MS), quanto a Resolução nº 357/07 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) estabelecem os limites permitidos de células dentro da água. Caso esses valores estejam alterados, é provável que a água tenha sofrido algum tipo de degradação ambiental, tornando-se imprópria para o consumo. E se isso ocorrer, é necessário um monitoramento mais detalhado a fim de assegurar a saúde da população”, esclareceu Roberto Wagner, também analista ambiental.
“A FPI é movida pelo sentimento de proteger o Rio São Francisco. Oferecemo-nos para ajudar nesse processo porque queremos mesmo fazer parte dele. É nossa responsabilidade trabalhar para defender os patrimônios ambiental, natural e cultural do Velho Chico e quaisquer coisas relacionadas a ele nos interessa, torna-se importante para cada uma das 24 instituições que compõem a Fiscalização Preventiva Integrada. Ficaremos monitorando essa investigação quanto a qualidade da água e, tão logo ela seja finalizada, vamos discutir de que forma poderemos ajudar. De todo modo, já fomos comunicados que a mancha praticamente pode mais ser vista, o que já é um bom sinal. Mas, enquanto o laudo final não fica pronto, seguiremos firmes no propósito de cuidar desse rio que, há tempos, já é considerado da integração nacional”, finalizou o promotor de Justiça Alberto Fonseca, coordenador da FPI do São Francisco.

Redação
Assessoria IMA

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