Técnicos do Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto do
Meio Ambiente (IMA) realizaram a coleta de água no Rio São Francisco em um raio
de 55 quilômetro para conseguir constatar se ainda há a presença de algas que
provocaram aquela mancha escura na água.
Os pontos de coleta foram entre
as cidades de Piranhas e Paulo Afonso, na Bahia. os analistas ambientais recolheram
água em 10 pontos diferentes, todos dentro do reservatório da Usina
Hidrelétrica de Xingó, neste domingo (22).
O material recolhido será
analisado pelo Laboratório de Hidroquímica da Universidade Federal de Alagoas
(Ufal) e caberá ao professor doutor Paulo Petter, apresentar os resultados.
Após o trabalho deste domingo, a
Fiscalização Preventiva Integrada (FPI) vai querer saber se as cianobactérias
ainda continuam presentes nas águas do Rio São Francisco. “Já havíamos feito
quatro coletas. Isso vem ocorrendo desde abril, quando aconteceu aquele
fenômeno. Todos os relatórios apontaram para um processo de eutrofização, que é
o enriquecimento do ambiente com nutrientes e floração de algas de uma espécie
de dinoflagelados. Nesse caso, essa espécie invasora conseguiu se multiplicar,
dominar aquele ecossistema e sua abundância modificou a cor da água, dando-a
uma coloração marrom e preta. E o último estudo comprovou um fato ainda mais
grave, as cianobactérias se proliferaram nas águas do Lago do Xingó”, explicou
Rivaldo Couto, analista ambiental do Ibama e integrante do Núcleo de
Emergências Ambientais do órgão.
“O perigo das cianobactérias é
que elas podem ser extremamente agressivas à saúde humana. São microalgas que
podem causar desde uma simples diarreia, passando por problemas no trato
intestinal, até a morte. Nesse último caso, isso pode ocorrer se elas forem
consumidas em concentração elevada”, acrescentou Rivaldo Couto.
EQUIPES RECOLHERAM 55 QUILÔMETROS DO RIO SÃO
FRANCISCO
Em 22 de fevereiro passado, as
usinas de Paulo Afonso I, II e III, ligadas a Usina Hidrelétrica do São
Francisco (chesf), fizeram o esvaziamento do seu reservatório, o que permitiu
que não somente água fosse liberada. Com ela, foram descartados também matéria
orgânica, metais pesados e muito lodo. E tudo isso junto, associado ao esgoto
que é jogado no rio ao longo de todo o seu curso, pode ter causado o surgimento
das microalgas invasoras. Essa é a principal hipótese investigada.
O que será analisado
A FPI recolheu a água de diferentes
formas. Através da sonda multiparamétrica, vários parâmetros serão mensurados,
a exemplo de temperatura, saturação, oxigênio, PH e turbidez.
Já as amostras que foram
acondicionadas nos frascos serão avaliadas quanto a clorofila, os sólidos em
suspensão (que aferem todo o material orgânico e mineral contido na água) e
nitrogênio e fósforo (que podem ser indícios da entrada de esgoto dentro do
rio).
Um outro equipamento coletou mais
água para que pudesse ser medida a quantidade de fitoplâncton no manancial. O
resultado apontará as espécies e a densidade das microalgas encontradas.
“Todo esse material será avaliado
para que possamos saber se a água está dentro dos padrões estabelecidos em
legislação própria para o devido consumo humano. Tanto a Portaria nº 29 do
Ministério da Saúde (MS), quanto a Resolução nº 357/07 do Conselho Nacional do
Meio Ambiente (Conama) estabelecem os limites permitidos de células dentro da
água. Caso esses valores estejam alterados, é provável que a água tenha sofrido
algum tipo de degradação ambiental, tornando-se imprópria para o consumo. E se
isso ocorrer, é necessário um monitoramento mais detalhado a fim de assegurar a
saúde da população”, esclareceu Roberto Wagner, também analista ambiental.
“A FPI é movida pelo sentimento
de proteger o Rio São Francisco. Oferecemo-nos para ajudar nesse processo
porque queremos mesmo fazer parte dele. É nossa responsabilidade trabalhar para
defender os patrimônios ambiental, natural e cultural do Velho Chico e
quaisquer coisas relacionadas a ele nos interessa, torna-se importante para
cada uma das 24 instituições que compõem a Fiscalização Preventiva Integrada.
Ficaremos monitorando essa investigação quanto a qualidade da água e, tão logo
ela seja finalizada, vamos discutir de que forma poderemos ajudar. De todo
modo, já fomos comunicados que a mancha praticamente pode mais ser vista, o que
já é um bom sinal. Mas, enquanto o laudo final não fica pronto, seguiremos
firmes no propósito de cuidar desse rio que, há tempos, já é considerado da
integração nacional”, finalizou o promotor de Justiça Alberto Fonseca,
coordenador da FPI do São Francisco.
Redação
Assessoria IMA
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