Ainda segundo o doleiro Alberto Youssef, o presidente da
Câmara foi o mentor de requerimentos feitos na Casa para pressionar a empresa
Mitsui, que teria suspendido o pagamento de propina ao PMDB em 2011. Segundo
registros, o texto que pede investigação da Mitsui foi escrito num terminal do
gabinete de Cunha.
Brasília - O PSDB
informou nesta terça-feira, 6, ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), que vai pedir sua renúncia do cargo caso surjam documentos que
comprovem que ele possui contas na Suíça. A avaliação entre os tucanos é que a
situação está ficando "insustentável" e já se cogita buscar uma
"saída honrosa" para o peemedebista.
A
bancada do partido se reúne na tarde desta terça para discutir o assunto.
Vários parlamentares da legenda já se manifestaram publicamente em defesa do
afastamento de Cunha. O deputado Valdir Rossoni, do Paraná, por exemplo,
divulgou nas redes sociais as fotos de Dilma e Cunha com uma pergunta:
"Quem faz mais mal ao Brasil?".
"Se
o MP confirmar (as contas de Cunha na Suíça) a situação de Cunha ficaria
insustentável", diz o deputado Vanderlei Macris (SP).Na semana passada, o
Ministério Público suíço comunicou à Procuradoria-Geral da República no Brasil
a transferência de autos de uma investigaão criminal aberta no país europeu que
identificou ao menos quatro contas atribuídas a Cunha e parentes. Pelo menos
US$ 5 milhões teriam sido bloqueados.De acordo com os procuradores da
Suíça, ele foi informado sobre o bloqueio das contas - antes, Cunha negara que tivesse sido
avisado pelo país europeu.
O
presidente da Câmara já foi denunciado no Supremo Tribunal Federal por
corrupção e lavagem de dinheiro. Ele é acusado de receber propina de US$ 5
milhões em contratos de navios-sonda da Petrobrás. Cunha nega envolvimento com
os crimes investigados pela Operação Lava Jato e sustenta que não possui contas
na Suíça, a exemplo do que fez em depoimento na CPI da Petrobrás, em março.
Apoio. Até agora, o PSDB
vinha mantendo uma posição de apoio ao presidente da Câmara, apesar da acusação
formal e das suspeitas que pesam contra ele. Os tucanos reconhecem que o
peemedebista e sua postura hostil ao Palácio do Planalto foi fundamental para o
cerco ao governo no Congresso. Cabe a Cunha a análise de pedidos de impeachment
da presidente Dilma Rousseff. Porém, o avanço das investigações da Lava
Jato causa constrangimento ao principal partido oposicionista.
Na
segunda-feira, o líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), afirmou que Cunha"tinha o benefício da
dúvida". No mesmo dia, reportagem da revista piauí revelou
trechos inéditos de um livro de Fernando Henrique Cardoso - Diários da Presidência, que será
lançado no fim deste mês pela Companhia das Letras - no qual o ex-presidente
revela que, em 1996, recusou um pedido para que Cunha fosse nomeado diretor
comercial da Petrobrás porque conhecia suas "trapalhadas" na
presidência da Telerj, durante o governo Fernando Collor. Nesta terça, o
próprio Sampaio esteve no gabinete do presidente da Câmara e comunicou que o
partido vai desembarcar da defesa dele se aparecerem extratos ou comprovantes
de contas mantidas secretamente no exterior. Se ficar provado que Cunha mentiu
perante seus pares, ele poderá ser processado por falta de decoro
parlamentar. A intenção da legenda tucana, nesse caso, é defender uma
"saída honrosa" para o peemedebista: a renúncia e a manutenção do
mandato para que ele possa se defender sem perder o foro privilegiado.
Por
enquanto, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), trata o caso
como um assunto da Câmara. Aécio admite que o peemedebista foi importante para
"alianças estratégicas" e, segundo ele, "feitas à luz do
dia" com a oposição. Mas reconhece a gravidade das acusações e suspeitas
envolvendo Cunha. "O Eduardo tem de responder à Justiça. As
denúncias, se comprovadas, óbvio que a situação dele fica muito difícil. Mas
isso é uma decisão que a Câmara terá de tomar. As denúncias são graves, vamos
aguardar sua defesa. Mas, se comprovado, por exemplo, que ele mentiu à CPI, aí
a sua situação fica muito difícil", disse o senador mineiro ao
Estado. (MSN BRASIL)
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