Cópias do passaporte,
da assinatura e de dados pessoais do presidente da Câmara dos Deputados,
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), enviados pelas autoridades da Suíça à Procuradoria
Geral da República (PGR) comprovam que o peemedebista mantinha contas bancárias
secretas no país europeu. A TV Globo teve acesso com exclusividade à
documentação encaminhada pelo Ministério Público suíço ao Brasil, no qual, além
da reprodução do passaporte e do visto norte-americano de Cunha, constam nome
completo, data de nascimento e o endereço dele em um condomínio de luxo na
Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.
O
Jornal Hoje mostrará nesta sexta-feira mais detalhes dos dados que comprovam as
contas do presidente da Câmara na Suíça.
Procurada
pelo G1, a assessoria de imprensa da presidência da Câmara informou que quem
poderia falar sobre a denúncia era o advogado de Cunha, Antonio Fernando de
Souza. A reportagem tentou contato com o criminalista, mas não havia conseguido
localizá-lo até a última atualização desta reportagem.
Os
documentos enviados pelo MP da Suíça mostram o caminho do dinheiro supostamente
repassado a contas bancárias atribuídas ao presidente da Câmara dos Deputados e
familiares. No total, as supostas contas de Cunha na Suíça, indicam as
investigações, receberam nos últimos anos depósitos de US$ 4.831.711,44 e
1.311.700 francos suíços, equivalentes a cerca de R$ 23,8 milhões, segundo a
cotação desta sexta-feira (16).
Os investigadores dizem que os documentos pessoais de Eduardo Cunha enviados pelo procuradores suíços (cópias de passaporte, comprovantes de endereço no Rio de Janeiro e assinaturas) comprovam que ele era o beneficiário dessas contas.
Os investigadores dizem que os documentos pessoais de Eduardo Cunha enviados pelo procuradores suíços (cópias de passaporte, comprovantes de endereço no Rio de Janeiro e assinaturas) comprovam que ele era o beneficiário dessas contas.
Em uma das contas
atribuídas ao peemedebista na Suíça, em nome da offshore Triumph SP, há uma
cópia do passaporte de Cunha. Em um dos documentos, que autoriza investimentos
vinculados à conta bancária, aparece uma assinatura que seria de Cunha,
semelhante a registrada no passaporte dele.
As
investigações indicam que Cunha manteve quatro contas bancárias na Suiça,
abertas entre 2007 e 2008. Dessas, duas teriam sido fechadas pelo peemedebista
no ano passado, em abril e maio. Neste ano, em depoimento à CPI da Petrobras,
ele afirmou que não tem contas no exterior. As outras duas contas, com saldo de
2,4 milhões de francos suiços (cerca de US$ 2,4 milhões ou R$ 9,3 milhões),
foram bloqueadas pelo Ministério Público daquele país.
Parte
do dinheiro teria sido pago a Cunha como propina por contrato fechado entre a
Petrobras e a empresa Companie Beninoise des Hydrocarbures Sarl, em Benin, na
Africa. Segundo as investigações, o empresário Idalecio de Oliveira era
proprietário de um campo de petróleo em Benin e fez um contrato de US$ 34,5
milhões com a Petrobras para exploração do mesmo.
De
acordo com os investigadores, o engenheiro João Augusto Rezende Henriques,
apontado pela força-tarefa da Operação Lava Jato como um dos operadores do
PMDB, recebeu em maio de 2011 da Lusitania Petroleum Ltd, cujo titular é
Idalecio de Oliveira, US$ 10 milhões como “taxa de sucesso” pelo negócio
fechado pela Petrobras em Benin.
Entre
maio e junho de 2011, Henriques fez depósitos no valor total de 1,31 milhão de
francos suíços (cerca de R$ 5 milhões) para a offshore Orion SP, com conta
registrada no banco Julius Baer, na Suíça. Em depoimento a investigadores da
Operação Lava Jato no Paraná, Henriques disse que não sabia quem era o
destinatário do dinheiro, mas afirmou que fez o depósito a pedido de Felipe
Diniz, filho do ex-deputado Fernando Diniz (PMDB-MG).
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