Várzea da Ema é um lugar encravado nas caatingas do município baiano de
Chorrochó. Até hoje guarda as marcas do poderio de Petronilo de Alcântara Reis,
conhecido como coronel Petro, que foi líder político e rico fazendeiro nos
domínios dos antigos territórios dos municípios de Curaçá e Santo Antonio da
Glória.
O coronel Petro era proprietário de, pelo menos, trinta fazendas na
região, entre elas Tronqueira, Perdidos, Cachoeirinha,
Formosa e Paus Pretos. EmPerdidos, D. Sinharinha, generosa
senhora da família, que abrigava crianças pobres, costumava hospedar o lendário
Lampião, que tinha boas relações com o coronel Petro. Mais tarde eles se
desentenderam e muitas dessas fazendas foram dizimadas pelo cangaceiro, mas
isto é história para pesquisadores e escritores entendidos no assunto.
Paus Pretos ainda resiste. Salvo engano, a fazenda é ou foi administrada por
Paulo Reis, um dos netos do coronel Petro. Os alpendres do casarão ostentam os
vestígios da riqueza coronelista.
Um dos homens mais poderosos do sertão baiano na primeira metade do
século XX, ao lado do também coronel e seu compadre João Sá, o coronel Petro
reinou absoluto quando o território de Santo Antonio da Glória, antiga Curral
dos Bois, abrangia as áreas de Paulo Afonso, Rodelas e Macururé. Fragmentado,
não carrega mais o nome pomposo que perdeu em 1931 e hoje se chama somente
Glória. Seu traçado não é mais o original, que foi engolido pelas águas do
progresso hidrelétrico.
O jornalista Sebastião Nery, baiano de Jaguaquara, que entende tudo de
política e de folclore político, conta que o coronel Petro construiu um grupo
escolar, quando era chefe político de Santo Antonio da Glória e foi a Salvador
convidar o interventor Juracy Magalhães para a inauguração. Juracy quis saber o
nome da escola.
- “Grupo Escolar Reis Magalhães”, informou o coronel Petro.
- “E quem foi Reis Magalhães, coronel Petro?”, indagou o interventor.
- “Não foi ninguém, mas são dois: Reis, do prefeito e Magalhães, do
interventor. Com um nome só agrado os dois: a mim e a Vossa Excelência”,
completou Petro.
Folclore à parte, Várzea da Ema guarda algumas peculiaridades, por ser
uma área histórica do município de Chorrochó. Por lá a presença do cangaço se
fez muito evidente, assunto que tanto interessa a pesquisadores e escritores
até hoje e o coronel Petronilo de Alcântara Reis deixou suas marcas através de
terras e de sua linhagem familiar. A família Reis continua sendo um esteio na
região.
A caatinga de Chorrochó é um arquivo importante para o conhecimento de
seu povo e da luta que os antepassados travaram encarando aventuras e
dificuldades.
Autor: Walter Araújo
FONTE: PORTAL FORMOSA
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