O MUNICÍPIO E SUA FORMAÇÃO:
A formação do município de Rodelas – BA está estreitamente relacionada à presença de um conjunto de povos indígenas que habitavam o médio baixo São Francisco e que foram ao longo da história sendo reduzidos e agrupados nos aldeamentos missionários dessa região, construídos e administrados a partir do século XVII por Jesuítas, Carmelitas, São Franciscanos e Capuchinhos. O aldeamento de Rodelas foi à última que saiu do centenário projeto missionário do São Francisco.
O
confinamento das populações indígenas nas missões religiosas possibilitava
abrir espaços para expansão da frente pastoril, que era atividade econômica que
mobilizava o projeto de colonização portuguesa para a região. O processo de
colonização branca teve início com os descendentes do pecuarista
Garcia D’ Ávila.
Os
conflitos entre os brancos colonizadores e os
indígenas se intensificaram a partir da década de 20 (vinte)
quando, por medo do Cangaço, a população que vivia nas fazendas começa a se
aglomerar em torno da igreja onde se encontrava o antigo aldeamento missionário
de Rodelas. As famílias brancas,proprietários de
terras, e que detinham o poder político local iam expulsando os índios de suas
casas e das ilhas, onde praticavam uma agricultura de subsistência. Esses
índios ainda que submetidos as pressões dos brancos, resistiam á saída de seu
local de origem, formando uma única povoação se distinguindo porque os índios
moravam na área que ficava rio acima a partir da igreja, enquanto os não –
índios ocuparam as áreas rio abaixo a partir da mesma igreja.
Os
ex-escravos eram empregados dos proprietários de terras locais e foram se
agrupando no povoado atrás da rua principal onde residiam os brancos“descendentes
dos colonizadores”. Os morenos, termo ainda hoje utilizado no município de
Rodelas – BA, para designar afro descendente, vieram se estabelecer no pequeno
povoado, tanto devido ao medo do cangaço como a desestruturação da economia
local que era centrada nas fazendas.
O
nome Rodelas originou-se no século XVII, devido a um índio que se tornou famoso
por participar na guerra contra os holandeses na Ribeira das Alagoas do São
Francisco, sob o comando de Antônio Felipe Camarão Potiguar, onde expulsaram os
inimigos da região. Esse índio ficou conhecido com o nome Rodela por fazer e
usar um colar feito de ossos, com formato semelhante a uma rodela. Ao retornar
para sua aldeia, foi batizado como Francisco Rodelas e por essa razão os índios
que habitavam as proximidades de sua aldeia, ficaram conhecidos como índios
rodeleiros.
Como
distrito, elevado a esta condição em 30 de setembro de 1938, recebeu o nome de
Rodelas, passando a fazer parte do município de Santo Antônio da Glória. No dia
30 de julho de 1962, o povoado de Rodelas eleva-se a categoria de município,
pela Lei nº 1.768 publicado no diário Oficial do Estado dia 31/07/1962. No
mesmo ano aconteceram as primeiras eleições municipais para prefeito e
vereadores.
A
zona rural era constituída basicamente por diversas fazendas. Na década de 20 o
medo do cangaço fez com que a população dessas fazendas, na grande maioria
migrasse para o povoado de Rodelas. Com o fim do cangaço e o aumento
populacional, outras fazendas surgiram bem como pequenos povoados ao longo de
todo o território do município. Este fato provocou brigas constantes com os
indígenas da região que aos poucos foram perdendo suas terras. São algumas
fazendas e povoados: Pedra Grande, Saco, Riacho do Saco, Araticum, Oiteiro,
Jacó, Barro Branco, Salina, Barbosa, Itacoatiara, Salgado, Caldeirão, Ezequiel,
Barro Vermelho, Cachauí, Quixaba, Jatobá, Penedo, Tapera, Moreira, Olho D’água,
Várzea Grande e etc. Não é possível determinar com precisão a distância destas
fazendas e povoados da sede, por falta de dados da época.
Em
1974, foram dados os primeiros passos para a Criação da Barragem no lugar da
antiga Cachoeira de Itaparica-PE. A formação do lago em 1988 devido à
construção dessa barragem inudou sete municípios (Floresta, Petrolândia,
Itacuruba e Belém do São Francisco em PE, Glória, Chorrochó e Rodelas na BA).
Desses municípios atingidos foram inteiramente alagados os núcleos urbanos de
Petrolândia e Itacuruba no território pernambucano; e de Rodelas e Glória no
estado da Bahia. O lago inudou cerca de 834 km2, ao longo de 100
metros da margem do rio, obrigando o deslocamento de 12 mil famílias, cerca de
64 mil pessoas, sendo das quais 4.486 pessoas do município de Rodelas – BA.
O
tratamento dado a estas populações restringiu-se, na maioria dos casos, ao
pagamento das indenizações pelas áreas alagadas, sendo desconsiderados
elementos inatingíveis como a perda da qualidade de vida, das referências
culturais e dos padrões de organização social. Como no caso do grupo indígena
Tuxá que acabaram se dividindo em três projetos de reassentamento diferentes.
Um dos grupos resolveu permanecer no município. Outro grupo, questionando a
qualidade e produtividade dessas terras, reivindicou terras preservadas
localizadas na margem do rio São Francisco, nas fazendas “Morrinhos” e
“Oiteiros”, próximos à cidade de Ibotirama – BA. Um terceiro grupo se instalou
no município de Inajá – PE.
A
“Nova Rodelas – BA” foi planejada e construída na borda do lago formado pela
barragem. Na concepção urbanista, a cidade possui uma configuração espacial bem
diferente do conjunto urbano compacto da antiga cidade. A ocupação se deu a
partir de quadras (lotes amplos) em torno dos principais prédios públicos. A
aldeia Tuxá divide com o restante da população o espaço urbano, separados
apenas por uma placa que avisa ser aquela localidade território indígena.
Os
novos bairros que então surgiram acompanharam o padrão periférico de expansão
urbana, sem dispor de infra-estrutura urbana, de equipamentos sociais e grande
número de moradores auto – construíram suas casas, na maioria das vezes
ilegais.
A
construção da Barragem de Itaparica – PE foi um divisor de águas na história
dos rodelenses. Dentro de uma perspectiva mais global, as ações para construção
da hidroelétrica nascem dentro do contexto do regime militar. Esse regime
ditatorial inviabiliza qualquer participação popular nos destinos do país e por
outro lado impõem um modelo de “desenvolvimento”.
Assim,
a construção da Barragem foi “fato consumado”, sem ouvir a população local e
sem preocupar-se com as conseqüências. Essas conseqüências são mais presentes
na destruição de organizações sociais (Tribo Tuxá, dividida em três aldeias);
terras de boa qualidade alagadas, desmatamento, alteração no clima e
transformações no modo de vida da população.
FONTE: SEC.
DE EDUCAÇÃO E CULTURA
FOTOS DA ANTIGA RODELAS:
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