Uma ação
civil pública do Ministério Público Federal (MPF) cobra do Estado de Minas
Gerais o repasse de R$ 14,2 bilhões para a área de saúde, que deveria ter sido
investido entre os anos de 2003 e 2012. Neste período, Minas Gerais era
governada pelos tucanos Aécio Neves e Antonio Anastasia, atualmente senadores.
O não investimento do recurso caracteriza não cumprimento da Emenda
Constitucional 29, que obriga aplicação mínima de 12% do orçamento na área. A
Procuradoria afirma que no período de dez anos aconteceram manobras para
aparentar que houve o cumprimento da emenda. De acordo com os cálculos do MPF,
deixaram de serem aplicados R$ 9,5 bilhões no Sistema Único de Saúde (SUS) pelo
governo mineiro, quantia que, em valores atualizados, corresponde a um desfalque
de R$ 14,2 bilhões. Para inflar os dados, os governos tucanos incluíram gastos
estranhos à saúde para simular o cumprimento da norma. Ainda foram constatadas
despesas com “animais e vegetais”. Também foram detectados “serviços
veterinários” prestados a um canil da Polícia Militar. O governo ainda teria
lançado como gasto em saúde investimentos da Companhia de Saneamento de Minas
Gerais (Copasa). O MPF afirma que os custeios da Copasa são feitos com recursos
oriundos das tarifas pagas pelos consumidores, e que a companhia não integra o
orçamento do Estado, por ser pessoa jurídica. O Ministério Público de Minas
Gerais (MP-MG), em dezembro de 2010, chegou a ajuizar uma ação civil pública
por improbidade administrativa ao ex-governador Aécio Neves e Maria da
Conceição Barros de Rezende, então contadora-geral do Estado, por causa das
inclusões de despesas da Copasa no cálculo do mínimo constitucional. O Tribunal
de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG), em grau de recurso, determinou a intimação
do então procurador-geral de Justiça, Alceu Torres Marques, para endossar a
ação inicial. Para os desembargadores, a competência era do procurador-geral.
Torres, entretanto, se negou a assinar a petição sob a alegação de que não
havia lesão ao patrimônio público. Em 2014, Torres assumiu a Secretaria de Meio
Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do governo de Alberto Pinto Coelho (PP),
vice de Anastasia que assumiu o governo quando o tucano deixou o cargo. Ao
Estadão, o PSDB de Minas afirmou que os cálculos feitos pelos governos tucanos
sãos os mesmos adotados pelo governo federal. O partido ainda diz que as contas
foram aprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado. (B.N.).


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