Em
2018, 104 policiais cometeram suicídio e 87 morreram em confronto
Por Gilberto
Costa – Repórter da Agência Brasil Brasília
A
13ª edição do Anuário
Brasileiro de Segurança Pública registra
exposição à violência fatal a que os policiais brasileiros estão
sujeitos. Em 2018, 343 policiais civis e militares foram
assassinados, 75% dos casos ocorreram quando estavam fora de serviço
e não durante operações de combate à criminalidade.
A
violência a que os policiais estão permanentemente expostos tem
efeitos psicológicos graves. Em 2018, 104 policiais cometeram
suicídio – número maior do que o de policias mortos durante o
horário de trabalho (87 casos) em confronto com o crime.
“No
senso comum, o grande temor é o risco da violência praticada por
terceiros, mas na verdade o suicídio está atingido gravemente os
policiais e não está sendo discutido e enfrentado de forma global”,
aponta Cristina Neme, pesquisadora do Fórum Brasileiro de Segurança
Pública que edita o anuário.
“É
um problema muito maior que muitas vezes é silenciado. São os
fatores de risco da profissão que levam ao estresse ocupacional.
Eles passam por dificuldades que outras pessoas podem ter, mas que no
caso do policial esses problemas, quando associados ao estresse
psicológico da profissão e do acesso à arma, pode facilitar esse
tipo de ocorrência”, lamenta a pesquisadora.
Letalidade
O Anuário
Brasileiro de Segurança Pública registra
que houve queda de
10,43% de mortes violentas intencionais em 2018. Mas apesar da queda
verificou-se que ao mesmo tempo cresceu em 19,6% o número de mortes
decorrentes de intervenções policiais.
A
ação da polícia é responsável por 11 de cada 100 mortes
violentas intencionais no ano passado, quando 6.220 pessoas morreram
após intervenção policial, uma média de 17 pessoas mortas por
dia.
O
perfil das vítimas repete a situação encontrada em outros
anuários: 99,3% eram homens, quase 78% tinham entre 15 e 29 anos, e
75,4% eram negros.
Para
a pesquisadora Cristina, os números correspondem a uma decisão
superior de ação policial. “A atitude da liderança política é
fundamental para reverter o quadro de letalidade e promover políticas
de segurança mais eficazes”, assinala a especialista que reclama
de “discursos demagógicos e falaciosos que legitimam a prática da
violência”.
TRIBUNA DO MULUNGU
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