Duas propriedades de Manoelito Argôlo, pai de Luiz Argôlo, em
Entre Rios, foram fiscalizadas. Em uma delas, trabalhadores recebiam menos de
um salário mínimo e valor devido a eles supera os R$ 150 mil.
CASEBRE ONDE HOMEM FOI ACHADO EM CONDIÇÕES ANÁLOGAS A DA
ESCRAVIDÃO EM ENTRE RIOS, NA BAHIA — FOTO: DIVULGAÇÃO/MINISTÉRIO DO TRABALHO
Um homem
de 48 anos foi encontrado em condições análogas à de escravidão e um grupo foi
achado em situação irregular de trabalho, após fiscalização da Superintendência
Regional do Trabalho na Bahia (SRTE-BA). A ação ocorreu em duas fazendas da
cidade de Entre Rios, cidade a cerca de de 130 km de Salvador, na quarta-feira
(17).
Conforme
informações do Ministério Público do Trabalho (MPT) e da SRTE-BA, as
propriedades rurais pertencem a Manoelito Argôlo dos Santos, ex-prefeito de
Entre Rios, dono de diversas fazendas de gado na região, e pai do ex-deputado federal Luiz Argôlo, que cumpre pena em
regime fechado após condenação na Operação Lava-Jato.
O G1 procurou
o dono das fazendas mas não obteve retorno até a última atualização desta
reportagem.
De acordo com o Ministério do
Trabalho, o homem em condições análogas à de escravidão estava na Fazenda
Riachão, em um casebre sem água, com gambiarras elétricas, manchas de fezes de
morcegos nas paredes e banheiro contendo apenas um vaso sanitário sem descarga.
Segundo a SRT, o homem estava no local com o filho, de 12 anos, que não
trabalhava na fazenda, mas vivia no casebre.
No local, não havia armário para
armazenar alimentos, o que obrigava os dois moradores a usar arames para
pendurar a comida em sacos, como forma de proteger os alimentos de roedores.
O
homem relatou aos auditores que teve que levar colchões e roupas de cama
próprios, pois o empregador não os fornecia. Além disso, eles tinham que usar a
água suja de um poço, armazenada em vasilhames de óleo reaproveitados.
OUTRA
FAZENDA
Casebre tinha gambiarras e péssimas condições de moradia,
apontaram os auditores fiscais do trabalho na Bahia — Foto:
Divulgação/Ministério do Trabalho
Já
na Fazenda Rancho Alegre, também de propriedade de Manoelito Argôlo, os
trabalhadores recebiam menos que um salário mínimo pelas atividades, não tinham
equipamentos de proteção e nenhum deles fazia exames médicos ocupacionais,
segundo informou o SRTE. O valor total devido aos empregados supera os R$ 150
mil.
Também não era feito o recolhimento
do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e ninguém tirava férias. Conforme
relato dos trabalhadores, eles viviam cerca de 30 anos nessas condições de
trabalho.
A SRT disse que uma reunião foi
realizada na quinta-feira (18) com os representantes do empregador, que se
recusou a regularizar os vínculos e realizar o pagamento dos trabalhadores.
Diante da situação, será ajuizada ação civil pública em face do empregador e
ele também deverá ser responsabilizado por meio de ação penal.
Conforme
a superitendência, as propriedades têm pista de pouso e hangar para aviões. Ao
lado da casa da família, na sede da fazenda Rancho Alegre, há um grande parque
de exposições, que leva o nome do proprietário, Mnaoelito Argôlo.
Outro fato que chamou a atenção dos
fiscais foi que havia centenas de filtros de água de barro amontoados na
varanda de uma casa da fazenda. Alguns estavam quebrados, mas muitos
permaneciam dentro de caixas. A equipe documentou o fato e comunicou o caso ao
Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) para que sejam apurados a origem
e o destino do material encontrado.
Auditores fiscais do trabalho relataram que casebre não tinha
água, nem local para moradores guardarem comidas e roupas — Foto:
Divulgação/Ministério do Trabalho
G1
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