Os Estados Unidos
lançaram 59 mísseis sobre a Síria na madrugada desta sexta-feira (horário
sírio) em retaliação ao suposto ataque químico, atribuído ao governo sírio, que
matou pelo menos 80 pessoas, entre elas 27 crianças, na última terça-feira.
O
bombardeio foi ordenado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, que até o ataque
químico citava Bashar al-Assad como um aliado na guerra contra o terror. De
acordo com o Exército sírio, seis pessoas morreram no ataque.
Nove
aeronaves militares sírias teriam sido destruídas, segundo o canal de notícias
russa Rossiya 24, que teve acesso ao local. Os hangares onde estavam os aviões
teriam sido atingidos. A pista não foi danificada, mas estava coberta por
estilhaços.
Trump mencionou imagens
de crianças sofrendo ao falar de ataque à Síria
Os Estados Unidos
lideram uma coalizão que realiza ataques aéreos contra jihadistas na Síria
desde 2014. Mas esta é a primeira vez que as operações têm como alvo forças do
governo do país.
Os 59
mísseis Tomahawk foram lançados a partir do Mar Mediterrâneo contra a base
militar de onde teria partido o ataque químico, em Shayrat, na província de
Homs. De acordo com o Pentágono, a Rússia, aliada do regime de Bashar al-Assad,
teria sido avisada do ataque.
"Não
há dúvida que a Síria usou armas químicas proibidas", disse Trump, na
Flórida, onde se reuniu na quinta-feira com o presidente chinês, Xi Jinping.
Mísseis Tomahawk teriam como alvo
base militar em al Ash Sha'irat, na província de Homs
"É vital para os interesses de
segurança nacional dos Estados Unidos prevenir e dissuadir a propagação e o uso
de armas químicas", completou.
O secretário de Estado americano,
Rex Tillerson, disse que a Rússia foi cúmplice da Síria ou incompetente para
impedir que armas químicas fosse empregadas.
O governo sírio nega ter usado armas
químicas no conflito. A Rússia, por sua vez, diz que um ataque aéreo atingiu um
depósito no qual rebeldes armazenavam tais substâncias.
Reação russa
A Rússia condenou o ataque norte-americano,
classificando o bombardeio com uma "agressão contra uma nação
soberana".
Dmitry Peskov, porta-voz do governo
russo, disse que o presidente, Vladimir Putin, vê o ataque como "uma
intenção de distrair o mundo pelas mortes de civis provocadas pela intervenção
militar no Iraque".
"É óbvio que o lançamento de
mísseis foi premeditado. É claro para qualquer especialista que Washington
tomou a decisão de atacar antes do ocorrido em Idlib (suposto ataque químico),
que foi usado apenas como pretexto para a ofensiva", declarou o Ministério
de Relações Exteriores russo.
A Rússia já havia advertido os
Estados Unidos que o país poderia ter "consequências negativas" se
lançasse uma ação militar contra a Síria, após uma reunião do Conselho de
Segurança da ONU.
Trump confirmou ordem de atacar Síria
Apoio aos EUA
Os americanos receberam, por sua
vez, o apoio de rebeldes sírios e da Arábia Saudita.
O Reino Unido disse ter se tratado
de uma resposta apropriada ao uso bárbaro de armas químicas.
A China condenou o uso desse tipo de
armamento, mas pediu calma para evitar a escalada da situação.
Tomahawk
De acordo com Rex Tillerson,
secretário de Estado dos EUA, o ataque foi 'proporcional'
O Tomahawk é um míssil de seis
metros de comprimento, e se desloca a mais de 1.100 km/h com alcance de até
1.000 km. Ele pode voar próximo do solo, o suficiente para surpreender
artilharias antiaéreas em terra.
- Arma de longo alcance projetada
para atingir alvos estratégicos com mínimo dano colateral
- Capaz de lançar ogiva de 450 kg em
raio de 1.600 km
- Voa em baixas ou altas altitudes
Foi projetado inicialmente para
lançar cargas nucleares, mas se mostrou útil no lançamento de bombas
convencionais nas duas guerras do Iraque e contra alvos sérvios na guerra dos
Bálcãs nos anos 1990.
Cada míssil leva uma bomba de 450 kg,
projetada para penetrar em edifícios reforçados de concreto. Os EUA lançaram
dezenas desses mísseis durante a primeira onda de ataques contra o EI na Síria
em setembro de 2014.
Epa
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