O comissário boliviano Erwin Tumiri, um dos sobreviventes do acidente
aéreo envolvendo a delegação da Chapecoense, recebe alta
Um dos seis
sobreviventes do acidente aéreo envolvendo a Chapecoense, o comissário de
voo Erwin Tumiri afirmou que o piloto Miguel Quiroga, morto na
tragédia, mudou os planos de última hora, decidindo que o avião
não iria parar no meio do caminho para abastecer. Segundo Tumiri, o plano
inicial era fazer uma escala em Cobija, na fronteira entre Bolívia
e Brasil, e não sabia que o voo seguiria direto para Medellín.
“Eu
acho que pode não ter sido uma boa ideia do piloto ou da pessoa responsável por
isso na Lamia. Eu fiz o relatório de que iríamos para Cobija. Mas no
momento da decolagem perguntei: ‘Vamos até Cobija, não é?’ ‘Não, vamos direto a
Medellin'”, disse ele, referindo-se a uma possível conversa com o piloto
Quiroga, em entrevista ao programa Fantástico,
da TV Globo. A falta de combustível é a principal causa apontada
pelos investigadores para explicar a queda do avião da Lamia a 30
quilômetros do aeroporto de José María Córdoba, em Rio Negro, onde deveria
ter pousado.
Tumiri foi
o primeiro sobrevivente a receber alta do hospital após o acidente que
vitimou ao todo 71 pessoas, entre elas jogadores e integrantes da comissão
técnica da Chapecoense e 20 jornalistas que iriam cobrir a final da Copa
Sulamericana.
Diferente
do que foi divulgado na imprensa anterior, ele negou que tenha saído vivo do
acidente por ter seguido os procedimentos de segurança, como ficar em posição
fetal na hora da queda. Tumiri contou que todos a bordo estavam preparados
para o pouso — ninguém havia sido avisado sobre qualquer problema —, quando de
repente todas as luzes se apagaram. Desse momento em diante, disse não se
lembrar de mais nada até acordar em terra. “Eu levantei, assustado, como se eu
estivesse dormindo. Levantei de repente. E corri em direção a ela [Ximena
Suárez, comissária que também sobreviveu]. E a soltei. Ela estava presa. Nesse
momento, a Ximena estava gritando e, quando ela me viu, foi se acalmando. Eu
disse: ‘Vamos embora, porque era mata e estava escuro”.
Daquele
ponto, era possível ver os aviões decolando do aeroporto, onde eles deveriam
ter aterrissado, disse Turimi. Ele também relatou que ouviu vozes de um
brasileiro pedindo socorro, mas não conseguiu ajudá-lo. “Eu vi muitos corpos
espalhados, mas não tinha o que fazer. Eu também não via sinais de vida. Eu me preocupava
se o avião fosse explodir ou se desmanchar. Por isso, eu fui me
afastando. E não ouvi mais nenhuma pessoa”, descreveu ele.
No
fim da entrevista, o comissário de voo disse que, após a recuperação,
pretende terminar o curso de piloto e visitar Chapecó. “Às eu sinto que
fui salvo por eles [equipe da Chapecoense]. Sinto como se eles tivessem
dado a vida por mim”, encerrou ele.
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