Autointitulado
"um homem-bomba", por conta de provas que afirma ter contra "105
pessoas e empresas" que acusa de corrupção, o ex-governador do Rio Anthony
Garotinho (PR) cogita pedir proteção policial para resguardar sua integridade
física. Ele responde em liberdade a um processo por compra de votos em sua
cidade, Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, nas últimas eleições, e
está em seu apartamento, no bairro do Flamengo, zona sul da
capital. "Já conversamos a respeito e estamos avaliando o pedido de
proteção", disse à reportagem nesta segunda-feira, 28, sua filha Clarissa
Garotinho, deputada federal (PR-RJ). Garotinho, que foi governador do Rio entre
1999 e 2002, deu entrevista ao programa "Conexão Repórter", do SBT,
veiculada na noite deste domingo, 27, na qual mostrou um dossiê com supostas
provas de que "o mar de lama" da gestão do ex-governador Sérgio
Cabral (PMDB) é maior do que o que já foi noticiado - Cabral é acusado de
chefiar uma quadrilha que recebeu pelo menos R$ 224 milhões em propinas de
empreiteiras entre 2007 e 2014, e foi preso dois dias depois de Garotinho,
junto com nove outros investigados. "Eu temo pela minha vida e eu tenho
que zelar por ela. Se eu falar o que você quer saber, o que eu tenho vontade de
falar e que o público quer saber, eu posso amanhã facilitar a fuga dessas
pessoas (pessoas supostamente envolvidas no esquema de Cabral que ainda estão
em liberdade). Minha prisão foi uma retaliação, foi uma perseguição e uma
injustiça. Meus inimigos são os poderosos do Rio, envolvidos nas denúncias que
venho fazendo. Sofri ameaça. Disseram 'se você me envolver, eu vou fazer com
que alguém te envolva, vou criar um escândalo para você'", disse
Garotinho, mostrando um calhamaço encadernado com as supostas denúncias. A
mulher do ex-governador, Rosinha Garotinho (PR), atual prefeita de Campos, chorou
durante a gravação, feita no apartamento do casal, ao falar de sua apreensão
quanto à segurança de seu marido. "Ele sabe muito. A Justiça tinha que
cuidar da vida dele. Eu temo pela vida dele, ele tem um monte de documentos que
ainda não entregou. Eu acho que ele deve dizer parte do que ele sabe, mas não
deve falar tudo", declarou Rosinha. "Eu acho que a própria entrevista
é uma forma de proteção", afirmou Clarissa hoje. Garotinho, que é
ex-secretário de Governo de Rosinha em Campos, nega ter comprado votos. Para a
Justiça Eleitoral, ele se valeu do programa social Cheque Cidadão, que concede
R$ 200 por mês a famílias pobres, para convencer eleitores a votar em seus
aliados.
BAHIA NOTÍCIAS
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