Depois de um dia
de trabalho como vendedora de uma ótica em Jundiaí, Alyne de Oliveira Zolin,
25, chegou em casa naquela segunda-feira (29) e checou as mensagens do celular.
Ela surpreendeu-se com as dezenas de ligações até descobrir o motivo com uma
amiga.
Alyne
foi chamada pela Justiça Eleitoral para assumir nesta segunda-feira (5) uma
cadeira de vereadora em Dracena, no oeste paulista, a 596 km de distância de
onde morava. Detalhe: recebeu apenas um voto -e não era o dela própria.
"Foi
um grande susto. Fiquei muito surpresa. Mas agora está tudo bem e meu marido
está me apoiando."
Antes
de se mudar para Jundiaí, Zolin morou por quatro anos em Dracena, municípios de
45 mil habitantes.
Em
2012, Zolin decidiu candidatar-se a vereadora, mas, desistiu da campanha
eleitoral e mudou de cidade. Ela não estava em Dracena no dia da votação.A
posse de Aline com apenas um voto só será possível porque o vereador Rodrigo
Castilho teve o mandato cassado pelo TRE (Tribunal Regional Eleitoral) por
infidelidade partidária. Ele saiu do PSD (Partido Social Democrático) e se
filiou ao PSDB fora do prazo permitido.
A
determinação foi do juiz da 149ª Zona Eleitoral da Comarca de Dracena, Marcus
Frazão Frota. O parlamentar já recorreu da decisão.
Como
Alyne é a única candidata que ainda é filiada ao PSD, partido que elegeu
Castilho, ela torna-se, automaticamente, a primeira suplente ao cargo.
DESISTÊNCIA
"O
voto que eu recebi eu nem sei de quem foi. Eu tive problemas pessoais durante a
campanha, estava fora da cidade no dia da eleição e justifiquei meu voto.
Pensei que tinha sido de um amigo, mas ele disse que não foi. Até hoje não
sei", contou. Ela desistiu da campanha por questões pessoais. "O
partido estava sendo criado com ideais diferentes, propondo mudanças interessantes,
então decidi arriscar. Mas houve um imprevisto e não investi na campanha".
A
nova vereadora já pediu demissão na ótica e transferiu o curso para uma
faculdade de Dracena. Ela vai receber um salário de R$ 4.473,68, que, diz, não
é muito maior do que ela ganha na ótica. Por enquanto, o marido, que é
metalúrgico, vai ficar em Jundiaí e os dois querem se encontrar aos finais de
semana.
A
vendedora foi a candidata menos votada entre os 109 candidatos que disputaram
uma cadeira na Câmara de Dracena. O mais votado, na época, conseguiu 1.728
votos.
Apesar
de a oportunidade ter caído no seu colo, ela diz que quer trabalhar e ser
atuante como vereadora.
"Eu
amo Dracena. Sou de Presidente Epitácio [cidade vizinha], mas morei quatro anos
lá e queria voltar. Quero mostrar que esse único voto valeu a pena, estudar
como anda a cidade, o que pode ser feito nesses quatro meses. Não vou ficar
parada."
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