Militar patrulha cerca de segurança do lado de
fora do Parque Olímpico do Rio de Janeiro
A chamada operação
Hashtag foi realizada a partir das quebras de sigilo de dados e telefônicos dos
suspeitos, que passaram de uma fase inicial de declarações via internet a
realizar atos preparatórios para possíveis atentados, como treinamentos de
artes marciais, armamentos e tiro, de acordo com o ministro da Justiça,
Alexandre de Moraes.
"Houve um primeiro contato
comprovado com o Estado Islâmico, contato não pessoal, contato via internet, o
juramento. Na sequência, houve uma série de atos preparatórios, e em um
determinado momento esse próprio grupo deixou de entender que o Brasil seria um
país neutro... e passou a entender que em virtude da Olimpíada o Brasil
poderia eventualmente se tornar em um alvo", disse Moraes em entrevista
coletiva sobre a operação em Brasília.
Segundo o ministro, a suposta
célula era "absolutamente amadora, sem nenhum preparo", mas qualquer
ato de terrorismo, "por mais insignificante que seja", terá uma
resposta rápida das autoridades de segurança.
Como parte da operação, foram
expedidos 12 mandados de prisão temporária pela Justiça Federal do Paraná, dos
quais 10 foram cumpridos em 10 Estados diferentes nesta manhã. Dois suspeitos
ainda não foram detidos. Segundo a Justiça, o processo tramita sob sigilo e não
serão divulgadas informações a respeito dos suspeitos.
"Informações obtidas, dentre
outras, a partir das quebras de sigilo de dados e telefônicos, revelaram
indícios de que os investigados preconizam a intolerância racial, de gênero e
religiosa, bem como o uso de armas e táticas de guerrilha para alcançar seus
objetivos", disse a Justiça Federal em comunicado.
O presidente interino Michel Temer
acompanhou nesta manhã o desenrolar da operação da PF e convocou uma reunião
com autoridades do setor de segurança fora de sua agenda para discutir o caso.
[nE6N19201X]
A ação da PF ocorre dias após o
serviço internacional de inteligência SITE, especializado no combate ao
terrorismo, informar que um suposto grupo militante intitulado Ansar
al-Khilafah Brazil declarou apoio ao movimento jihadista Estado Islâmico em
publicação em um aplicativo de mensagens e promoveu propaganda jihadistas em
inglês e português.
De acordo com o SITE, um jihadista
apoiador do Estado Islâmico denominado Ismail Abdul Jabbar al-Brazili enviou
mensagens em português pelo serviço Telegram repetindo discurso de um porta-voz
oficial do grupo militante, além de outras mensagens.
A Agência Brasileira de
Inteligência (Abin) já havia confirmado no mês passado que equipes de
inteligência que atuam próximas ao plano de segurança dos Jogos do Rio tinham
detectado a abertura de uma conta em português no Telegram para a troca de
informações sobre o Estado Islâmico, mas as autoridades vinham garantindo que
não havia sido detectada qualquer ameaça de ataque ao país.
A preocupação com um possível
atentado no país durante os Jogos Olímpicos, de 5 a 21 de agosto, cresceu
recentemente na esteira de ataques na França, nos Estados Unidos e em outros
países, que posteriormente foram reivindicados pelo Estado Islâmico, grupo que
ocupa territórios na Síria e no Iraque e que enfrenta uma coalizão militar
liderada pelos EUA.
(Com reportagem adicional de Pedro
Fonseca, no Rio de Janeiro)
REUTERS/Fabrizio Bensch
Nenhum comentário:
Postar um comentário