Conforme placar do ‘Estado’, 44 senadores já se declararam
favoráveis ao afastamento de Dilma, três votos a mais do que o mínimo
necessário.
Levantamento feito pelo Estado mostra
que já há 44 senadores favoráveis à abertura de processo por crime de
responsabilidade contra a presidente Dilma Rousseff e 21 os que se declararam
contrários. Seis
parlamentares se disseram indecisos e 10 não quiseram responder. Para que o
processo seja admitido e aberto no Senado, são necessários 41 votos.
Com a aprovação na Câmara pela continuidade do processo de impedimento
da presidente Dilma Rousseff, a próxima etapa agora é que o processo seja
encaminhado ao Senado. Pelo menos 41 parlamentares da Casa devem referendar a
decisão tomada pelos deputados para a petista ser afastada e ter início o
processo de julgamento do crime de responsabilidade.
No levantamento, o PSDB é o partido com a maior quantidade de
senadores favoráveis ao afastamento da petista, com 11 nomes. Já mo PMDB, do
vice-presidente Michel Temer, nove se declararam a favor do processo, três
contra, três se disseram indecisos e três não quiseram se manifestar. Na Casa,
o PT é o único partido no qual todos os parlamentares são contrários ao
afastamento da petista.
A partir da aprovação da abertura de processo pela Câmara, as
atenções dos movimentos pró-impeachment se voltam para o presidente do Senado,
Renan Calheiros (PMDB-AL). “Agora a pressão é total em cima de Renan”, disse
ontem um dos coordenadores nacionais do Movimento Brasil Livre, Renan Santos. A
intenção é fazer com que o peemedebista conduza o processo com celeridade, para
que a votação na Casa ocorra até dia 11 de maio.
‘Biografia’
No sábado, Renan disse a oposicionistas que não iria “manchar”
sua biografia ao ser questionado se aceleraria o processo de impedimento de
Dilma na Casa.
A mesma frase foi dita naquela noite por ele quando convidou à
residência oficial senadores do PT e aliados de Dilma.
Com a aprovação do pedido na Câmara, Renan passa a ser o
“árbitro” do impeachment, tendo poderes para ditar o ritmo do processo que opõe
os dois principais personagens da crise. Dilma, que demitiu todos os indicados
pelo peemedebista do governo e de quem não recebeu uma suposta proteção ante ao
avanço da Lava Jato contra ele, e o vice-presidente Michel Temer, desafeto
histórico.
Os líderes de oposição na Câmara temem que os governistas e o PT
tentem “tumultuar” o processo nos 180 dias de duração máxima do afastamento de
Dilma. “Vão tentar desestabilizar o começo do governo Michel Temer e
provavelmente dificultarão a aprovação de projetos. Michel Temer terá que
mostrar habilidade para dar respostas rápidas e se firmar, caso contrário o
cenário pode virar no Senado nos próximos seis meses”, diz o deputado Silvio
Torres (PSDB-SP), secretário-geral do PSDB.
Já o deputado Ivan Valente (PSOL-SP), que votou contra o
impeachment na Câmara não acredita em uma reversão do resultado do processo no
Senado. Os senadores terão de decidir se instauram o processo de impeachment e
afastam a presidente Dilma do cargo. “Eu acho que não é possível reverter no
Senado porque os partidos reclamaram questão”, disse o parlamentar do PSOl.
Valente criticou o envolvimento de líderes do PMDB na Operação
Lava Jato e disse que o nome de Temer não teria respaldo da sociedade.
“Ele, Temer, também é rejeitado. Vamos viver o momento do
impasse e o PSOL se declara em oposição radical a esse conluio que foi feito
para esse atalho de chegada ao poder”, disse Valente.
Desolado
Ontem, o líder do governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE),
admitiu a dificuldade do governo desolado em um canto do plenário. “Não é fácil
reverter, neste momento, no Senado. O que deu errado já vem dando há muito
tempo. Vamos baixar a poeira e pensar no que fazer”, lamentava o parlamentar
pernambucano.
Já o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), admitiu
em uma coletiva que o governo sofreu uma “derrota momentânea”, mas que “a luta
está apenas começando”. “A derrota é momentânea, as ruas estão conosco e temos
condições de virar o jogo no Senado. Essa é uma agressão à legalidade
democrática”, disse Guimarães.
Ainda segundo o líder, começará hoje uma “guerra prolongada”. O
deputado petista descartou durante a entrevista que o governo vá adotar a tese
de convocar eleições gerais.
Na noite de ontem, diante da derrota na Câmara, parlamentares do
governo foram chamados ao Planalto para tentar unificar o discurso de que a
derrota é momentânea e que o governo continuará lutando para derrotar o
impeachment no Senado.
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr
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