POLICIAIS FEDERAIS FAZEM BUSCAS NA SEDE
DO JORNAL 'DIÁRIO DO GRANDE ABC', EM SANTO ANDRÉ, NA GRANDE SÃO PAULO, NA MANHÃ
DESTA SEXTA-FEIRA (01). A AÇÃO FAZ PARTE DA 27ª FASE DA OPERAÇÃO LAVA JATO, QUE
TEM COMO UM DOS ALVOS RONAN MARIA PINTO, DONO DO JORNAL
Um
dos pontos-chaves da 27ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Carbono 14 e deflagrada nesta sexta-feira, foi a
identificação de um pagamento de 6 milhões de reais endereçado ao empresário
paulista Ronan Maria Pinto. O dinheiro teria vindo do empréstimo fraudulento de
12 milhões de reais que o pecuarista José Carlos Bumlai contraiu com o Banco
Schahin, a pedido do PT, em 2004. Um dos dois mandados de prisão temporária,
cumpridos hoje, foi contra Ronan Maria Pinto - o outro foi para o
ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira, que também é acusado de ter
participado da fraude.
Empresário com
diversos negócios na região do ABC paulista, Ronan Maria Pinto é apontado pelo
Ministério Público de São Paulo como um dos participantes do esquema de
corrupção instalado em Santo André (SP) durante a administração de Celso Daniel
(PT), que foi assassinado em 2012 em circunstâncias ainda misteriosas. Em novembro
do ano passado, Ronan foi condenado a dez anos de prisão pela 1ª Vara Criminal
de Santo André por suposta participação em um esquema de cobrança de propina de
empresas de transporte contratadas pela gestão do prefeito petista. Na mesma
decisão, também foi sentenciado o empresário Sérgio Gomes da Silva, o Sombra.
Segundo o procurador
da força-tarefa da Lava Jato Diogo Castor, há indícios de que Ronan tenha usado
parte do dinheiro para comprar as ações do Diário
do Grande ABC, do
qual se tornou o principal controlador. O periódico também foi alvo de buscas e
apreensão nesta sexta-feira. "O dinheiro foi repassado [do Schain]
diretamente para o empresário que estava vendendo as ações", afirmou
Castor.
Em nota enviada por
sua assessoria de imprensa, Ronan negou as acusações e disse que, agora preso,
terá a oportunidade de esclarecer as questões "de uma vez por todas".
Em 2012, conforme
revelou VEJA, o publicitário Marcos Valério, condenado no mensalão, contou que
foi procurado por Silvio Pereira, então secretário do PT, para levantar
dinheiro para comprar o silêncio de Ronan Pinto, que ameaçava implicar Lula e
Gilberto Carvalho na morte de Celso Daniel. Valério, então, teria se recusado a
participar do esquema, segundo a sua própria versão. Na época, ele tentava
fechar um acordo de delação premiada com o Ministério Público para diminuir a
sua pena no mensalão, o que não foi aceito.
O procurador Diogo
Castor disse que o depoimento foi usado para embasar os pedidos de prisão, mas
frisou que ainda não é possível afirmar que o esquema de corrupção montado na
Petrobras tem relação com a morte de Celso Daniel. "A razão pela qual
Ronan Maria Pinto recebeu valores é a grande pergunta", disse Castor, em
coletiva de imprensa.
Em depoimento à Lava
Jato, o pecuarista José Carlos Bumlai admitiu que tomou o empréstimo junto ao
grupo Schahin para pagar dívidas do PT. A dívida teria sido quitada com a
contratação da companhia - o grupo Schahin atua em diversos setores - para
operar o navio-sonda Vitória 10.000, pela Petrobras, em 2009, ao custo de 1,6
bilhão de dólares.
O procurador também
explicou que o empréstimo investigado se deu nos mesmos moldes do que foi feito
no mensalão. "Empréstimos tomados junto a instuições financeiras,
simulação de pagamento e depois favorecimento dentro do governo federal. A
tipologia foi muito parecida. Não é o mesmo esquema, mas está
interrelacionado", disse ele.
FOTO DE ARQUIVO DE 17/11/2005 DO EMPRESÁRIO RONAN MARIA PINTO. A
POLÍCIA FEDERAL DEFLAGROU NESTA SEXTA-FEIRA, 1º, A OPERAÇÃO CARBONO 14, A 27ª
FASE DA OPERAÇÃO LAVA JATO. O EMPRESÁRIO RONAN MARIA PINTO E O
EX-SECRETÁRIO-GERAL DO PT SILVIO PEREIRA FORAM PRESOS
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