São Paulo -
Debandada do PP e PRB da base anti-impeachment (e iminência de saída do PSD)
enfraquece chances do governo Dilma barrar avanço do processo na Câmara dos Deputados.
Essa é a conclusão de levantamento
da consultoria Prospectiva com base em declarações feitas pelos parlamentares
em redes sociais e discursos no plenário.
Na manhã desta quarta-feira, 289
deputados já tinham declarado voto favorável ao prosseguimento do impeachment
enquanto outros 106 afirmaram que votariam contra. Até o momento, há 118
deputados indecisos.
Segundo projeção da consultoria, 28
dos 118 indecisos têm tendência favorável ao impeachment. Se a estimativa se
confirmar, a oposição já teria 317 votos. Para aprovar o processo na Casa são
necessários 342.
O governo, por outro lado, precisa
de 172 para barrar o prosseguimento da ação no Congresso – mas até o momento
teria chances de arrebanhar mais 40 parlamentares, o que renderia 146 votos.
ADEUS,
BASE
Até ontem, segundo análise
Prospectiva, ainda era elevada a probabilidade da presidente Dilma Rousseff
evitar a aprovação do impeachment na Câmara.
Mas o cenário mudou. De uma tacada
só, PP e PRB – que somam um contingente de 70 deputados federais – decidiram
apoiar o processo contra a petista.
Para o final da tarde hoje, a
expectativa é de que o PSD, do ministro Gilberto Kassab (Cidades), acompanhe o
movimento e declare orientação favorável ao fim do mandato. A legenda tem hoje
36 deputados em exercício, mas a expectativa é de que outros dois licenciados
voltem à Câmara até domingo.
Com isso, a oposição pode chegar a
até 93% do apoio mínimo necessário para aprovar o impeachment na Câmara.
CONTRA-ATAQUE
A tendência é de que, após
desembarque coletivo das bancadas, o governo aposte em uma estratégia
individual de negociação com os deputados indecisos.
No entanto, lembra Vidal, dois
fatores influenciam a decisão de cada parlamentar – para além de qualquer
acordo proposto pelo governo. O primeiro é a tendência de voto da maior parte
do plenário.
“Se há um grupo considerável de
parlamentares que votarão contra o governo, os indecisos também serão cotados
pelos demais. Ficaria constrangedor para eles ir contra a maré”, afirma o
coordenador do núcleo de análise política da Prospectiva.
Ao mesmo tempo, pesa também a
determinação da legenda. Se o partido determinar que dissidências culminarão em
punições, “não vai ter alternativa”, diz Vidal.
O
QUE DEU ERRADO?
Ao contrário do ex-presidente
Fernando Collor de Mello que – revela a História – se deu por vencido, Dilma
Rousseff tem se esforçado para conseguir os 172 votos necessários para reverter
a sina e conta, inclusive, com o apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, que se transformou no principal ativo da coordenação política da
petista.
Mesmo sem assumir o cargo de chefe
da Casa Civil, o petista tem coordenado, de um hotel de luxo em Brasília (DF),
a força-tarefa para impedir o impeachment.
É aí que, na opinião de Vidal,
reside o calcanhar de Aquiles da estratégia do governo. Ao subordinar as
legendas a uma negociação encabeçada por alguém que não tem cargo no governo e
que estaria sendo investigado pela Operação Lava jato expõe a própria base a
uma situação constrangedora.
“Historicamente, os partidos têm
sido acusados de chantagem, neste atual momento recorrer a esses mesmos
instrumentos como forma de manter apoio político gera muito mais holofote e um
constrangimento ainda maior”, afirma.
A partir das 14h do próximo domingo
cada voto irá pesar para a sina da presidente. Até lá, governo e oposição farão
de tudo para puxar para seu lado um a um dos indecisos que perambulam pela
Câmara. O cronômetro já começou a rodar - e, por ora, um lado está
ganhando.
MSN-NOTÍCIAS
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