Em seu depoimento à
Polícia Federal (PF), no dia 4 de março, quando foi conduzido coercitivamente
para depor em uma sala no Aeroporto de Congonhas, o ex-presidente Lula ficou
irritado após responder uma série de indagações sobre o tríplex 164/A do Condomínio
Solaris (antigo Mar Cantábrico), no Guarujá. A PF e o Ministério Público
suspeitam que o petista é o verdadeiro dono do imóvel.
Ele afirmou que não é dono do imóvel e
insistiu na versão que vem apresentando desde que a Operação Lava Jato passou a
investigar a participação da empreiteira OAS nas obras do edifício e na reforma
milionária do apartamento. “Quero saber quem vai pagar essa porra desse
apartamento. Eu quero saber”, disse Lula, durante o longo e tenso depoimento.
O delegado iniciou essa etapa do
depoimento, relativa ao apartamento na praia das Astúrias, com a pergunta. “O
senhor comentou agora que o apartamento não é seu, que o senhor estava querendo
o dinheiro de volta…”
Lula: “Estou querendo, não recebi
ainda, estou querendo.”
“O senhor fez o requerimento, é um
termo de declaração com o requerimento de admissão do quadro social da Mar
Cantábrico, da Bancoop. Quando é que foi feito esse requerimento para o senhor
sair da Bancoop?”
Lula: “Agora em dezembro.”
-“Por que nessa data que está aqui
consta 2009, o ano?”
-“Eu não sei a data que consta,
querido.”
Lula: Não, 2009 consta aí, foi o
seguinte, quando houve o Termo de Ajuste de Conduta entre o Ministério Público
e os cooperados.
Ainda o ex-presidente. “E a Bancoop
deixou de mandar boleto, como a gente estava num ano eleitoral a minha
preocupação era eleger a nossa Dilma Roussef Presidenta da República. Eu estava
pouco me lixando pra Bancoop. Por que o Ministério Público não disse que fez um
Termo de Ajuste de Conduta nesse apartamento, por que não assume, e que
orientou aos cooperados, que orientou a OAS a fazer? Não sei por que não
assume?”
Lula: “Não, não tinha sido feito,
porque, como a insinuação da imprensa era de que estava sendo feito, o que o
Instituto quis dizer na nota é que se fosse feito eu teria que pagar a
diferença.”
“Não tem, não tem. É o valor que eu
paguei corrigido. (…):Se tem alguém que pode me processar é a OAS, ela falava o
seguinte: ‘Eu estou tendo prejuízo com o apartamento, você vai pagar.’ Agora,
eu quero o apartamento agora, alguém vai me dar, ou o Ministério Público vai me
dar, ou a Veja vai me dar, ou a Globo vai me dar, mas eu preciso do apartamento
agora e quero saber quem vai pagar essa porra desse apartamento. Eu quero
saber”, disse, conforme informações do Estadão.
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