A
imprensa francesa repercute neste sábado (5) a nova fase da Lava Jato e o
depoimento do ex-presidente Lula aos investigadores. As reportagens e análises estimam que trata-se do crepúsculo do
“mito Lula” e o ex-presidente vive uma situação de muita fragilidade.
Para Le Figaro, Lula foi
apanhado pela justiça e, assim como a presidente Dilma Roussef, é suspeito de
ter se beneficiado do esquema de corrupção na gigante petrolífera.
Erroneamente, o texto diz que o ex-chefe de Estado ficou sob custódia e buscas foram realizadas em seu
domicílio. A situação constitui uma ameaça cada vez maior ao mandato
de Dilma, afirma o texto.
Le
Figaro informa
que Lula não foi o único visado pela nova fase da Lava Jato. Outros 33 mandados
de buscas foram emitidos e 11 para interrogatórios, sendo dois deles em São
Bernardo do Campo.
O diário francês
reproduz a mensagem da polícia com afirmações de que "além de líder do
partido, o ex-presidente era um dos responsáveis que decidiam pela nominação
dos diretores da Petrobras e um dos principais beneficiários dos crimes".
Apesar de não ter,
por enquanto, nenhuma acusação direta, a presidente Dilma Rousseff é suspeita
de envolvimento porque era ministra da Energia no período em que os desvios
aconteceram para financiar ilegalmente a campanha eleitoral e também foi presidente do Conselho de
Administração da Petrobras. "Como ela poderia ignorar o vasto esquema de
corrupção se ela participava das instâncias decisórias mais importantes do país
e da Petrobras?", questiona Le
Figaro.
MITO SE DESFAZ
É o crepúsculo de um
ídolo?, pergunta Libération.
Os adversários políticos esperavam por este momento, escreve o jornal,
informando que a investigação do escândalo de corrupção da Petrobras bateu às
portas do ex-presidente. Três horas depois de prestar depoimentos sobre as
suspeitas de ter recebido "vantagens indevidas" de empreiteiras, ele
saiu livre e foi para a sede do PT onde se realizava uma reunião de crise. O
jornal informa as reações indignadas de militantes e juristas sobre o mandado
de condução coercitiva.
Libération explica que os procuradores
afirmar ter encontrado "elementos" que comprovam o recebimento por
parte de Lula de R$ 30 milhões de empreiteiras entre 2011 e 2014. O jornal lembra que
foi a delação premiada do senador Delcídio do Amaral que deu
à polícia evidência da implicação do ex-presidente Lula e de Dilma Rousseff no
esquema.
"Os brasileiros
se mostram menos tolerantes com uma corrupção que passou dos limites. As
línguas se soltam e o mito Lula está desmoronando", afirma o texto.
"UM POLÍTICO COMO OUTRO QUALQUER"
Para Le Monde, atordoados
pela condução forçada de Lula à prestar depoimento à Polícia Federal,
militantes petistas mostraram revolta e negam as acusações que pesam sobre o
ex-presidente. Os partidários do ex-presidente não desistem e o "defensor
dos mais pobres", se tornou um "prisioneiro político", diz o
artigo em referência às declarações do ex-presidente.
O jornal teve o
cuidado de explicar que Lula não ficou sob custódia, termo muito empregado na
França mas que não se aplicaria à situação de Lula. Le Monde diz que há vários meses a operação Lava Jato ronda o
ex-presidente e
diariamente a imprensa revela informações sobre suspeitas como as obras do
triplex no Guarujá.
A
reportagem explica que muitos brasileiros poderão ir às ruas nas manifestações
previstas em favor de Lula, e um cientista político ouvido pelo jornal explica
que militantes de esquerda e a população mais pobre poderão seguir o discurso
de Lula de que a justiça está sendo instrumentalizada pela imprensa e pela
oposição.
No entanto, os casos
suspeitos são numerosos e em um país acostumado por tanta corrupção, Lula
aparece como "um político como qualquer outro". A reportagem termina
com uma análise do cientista político francês Stéphane
Montclaire de que o
ex-presidente se encontra "muito, muito fragilizado".
Por MSN
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