Andarilho chegou à capital na noite deste domingo (13/3). Em 1993, ele
foi acusado de ter matado uma jovem de 21 anos no interior de São Paulo a
marretadas. A ação teria acontecido em frente a uma criança de 4 anos
Há 29 dias
Paulo Cícero de Lima, 55 anos, está caminhando com uma cruz de 40 quilos sob as
costas. O protesto surgiu após ficar 16 anos preso por um crime que não
cometeu. Em 1993, ele foi acusado de ter matado uma jovem de 21 anos no
interior de São Paulo a marretadas. A ação teria acontecido em frente a uma
criança de 4 anos.
Paulo foi
condenado e passou por mais de 14 presídios desde então. "Não fiz aquilo
eu estava passando pelo local e a polícia me pegou. Estava com a roupa suja de
sangue de uma galinha que tinha matado. Não quiseram me ouvir", reclama.
Por volta das 17h45 desta segunda-feira (14/3) ele caminhava pelo Eixinho Sul,
na altura da 210.
O andarilho
chegou à capital federal no fim da noite deste domingo (13/3) pela BR 040.
"Quero que meu processo seja reaberto. Não vou embora enquanto isso
não acontecer. Vou tirar essa mancha na minha vida", argumenta.
PERDAS
Paulo deixou
a cadeia em 2009. Desde então ele tenta mudar sua história. "Voltei ao
local do crime, conversei com as pessoas e muita gente ainda está viva. Fui
acusado por um homem que se dizia policial, mas não era. Me contaram que na
verdade o assassinato foi um acerto de contas", explica o homem.
Durante os
últimos dias, Paulo dormiu na rua e contou com a ajuda de pessoas
desconhecidas. "Comi e bebi o que me ofereceram. Passava a noite na beira
da pista. Tenho muito a agradecer", disse após mais de 10 horas de
caminhada nesta segunda. Ao todo, Paulo passou por São Paulo, Minas Gerais e
Goiás.
Segundo o
andarilho, o protesto surgiu após um sonho. Ele teria que carregar a cruz até a
Catedral Metropolitana de Brasília para ter o problema resolvido. "Sou
devoto de Maria. Sonhei que se eu carregasse a cruz ela me intecederia por mim.
Acredito que quando eu chegar lá (na Catedral), ela vai tocar no coração de alguém
para me ajudar", explica. O objeto custou cerca de R$ 200 e é feito em
madeira e possui uma roda para ajudar no traslado.
ABANDONO
"Muitos
sonhos ficaram soterrados nesse estigma de assassino. Perdi o contato com meus
filhos, por exemplo", conta o pai de quatro filhos e oito netos. Na noite
do crime, Paulo recorda de um desentendimento com a ex-mulher. "Saí de
casa me deparei com o crime e me enrosquei nesse problema", lamenta.
Dentro da
cadeia Paulo diz que viveu pressionado pelo medo de os outros detentos saberem
da história. "Os próprios agentes falavam que se eles ficassem sabendo
iriam me matar. Tinha muito medo", diz.
Paulo deixou
a cadeia em 2009. Após o período preso, trabalhou como ajudante de serviços
gerais em algumas empresas no interior de São Paulo. Anres de encarar o
desafio, ele estava morando em Jundiaí com a mãe e os irmãos.
CORREIO BRAZILIENSE
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