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QUE É ISSO, COMPANHEIRO? – Benjamin e Lula, em 1980, quando foi fichado: o
“menino do MEP” seria João Batista dos Santos
A um mês da estréia de Lula,
o Filho do Brasil, surge um depoimento que contrasta fortemente com o
filme de contornos hagiográficos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na
sexta-feira passada, o jornal Folha
de S.Paulopublicou um artigo que deixou de olhos arregalados todos os que o leram.
Intitulado “Os filhos do Brasil”, o texto é assinado por César Benjamin, um dos
mais célebres militantes da esquerda brasileira.
Entrou para o
movimento estudantil ainda adolescente. Por sua militância política, ficou
preso por cinco anos e foi expulso do Brasil em 1976. Quando voltou,
empenhou-se na fundação do PT, do qual se desfiliou em 1995. Em 2006, foi
candidato a vice-presidente pelo PSOL. Hoje, está sem partido. Cesinha, como é
conhecido, relata o que teria sido uma revelação devastadora feita por Lula a
ele em 1994.
Na ocasião, o
petista iniciava sua segunda campanha a presidente. Benjamin estava na equipe
de marketing do candidato. Ele relata: “Lula puxou conversa: ‘Você esteve
preso, não é, Cesinha?’ ‘Estive.’ ‘Quanto tempo?’ ‘Alguns anos…’, desconversei
(raramente falo nesse assunto). Lula continuou: ‘Eu não aguentaria. Não vivo sem
b…’. Para comprovar essa afirmação, passou a narrar com fluência como havia
tentado subjugar outro preso nos trinta dias em que ficara detido. Chamava-o de
‘menino do MEP’, em referência a uma organização de esquerda que já deixou de
existir. Ficara surpreso com a resistência do ‘menino’, que frustrara a
investida com cotoveladas e socos”. Segundo Benjamin, o diálogo foi presenciado
pelo publicitário Paulo de Tarso da Cunha Santos. O publicitário, cujos
contratos com o governo federal montam a 300 milhões de reais, negou em nota
lembrar-se do episódio.
Por liderar greves
no ABC paulista, Lula passou 31 dias preso no Dops, em São Paulo, em 1980, com
outros sindicalistas. A reportagem ouviu cinco de seus ex-companheiros de cela.
Nenhum deles forneceu qualquer elemento que confirme a história de Benjamin.
Eles se recordam, porém, de que havia na mesma cela um militante do Movimento
de Emancipação do Proletariado (MEP). “Tinha um rapaz com a gente que se dizia
do MEP. Tinha uns 30 anos, era magro, moreno claro. Eu não o conhecia do
movimento sindical”, diz José Cicote, ex-deputado federal.
“Quem estava lá e
não era muito do nosso grupo era um tal João”, lembra Djalma Bom,
ex-vice-prefeito de São Bernardo do Campo. “Eu me lembro do João: além de
sindicalista, ele era do MEP mesmo”, conta Expedito Soares, ex-diretor do
Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. O João em questão é João Batista dos Santos,
ex-metalúrgico que morou e militou em São Bernardo. Há cerca de três anos,
ganhou uma indenização da Comissão de Anistia e foi viver em Caraguatatuba, no
Litoral Norte de São Paulo. Por meio do amigo Manoel Anísio Gomes, João
declarou: “Isso tudo é um mar de lama. Não vou falar com a imprensa. Quem fez a
acusação que a comprove”.
O Palácio do
Planalto reagiu com indignação, qualificando o relato de Benjamin de “loucura”.
O chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, disse que o artigo de César
Benjamin era ato de um “psicopata”. Carvalho afirmou também que Lula havia
ficado “triste, abatido e sem entender” as razões que levaram o militante
histórico a fazer um ataque tão destruidor contra sua honra.
http://www.luizberto.com/uma-reportagem/triste-e-abatido
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