A Polícia Federal
investiga as obras em um sítio em Atibaia, interior de São Paulo, frequentado
pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e família. As suspeitas são que a
empreiteira OAS – uma das líderes do cartel que fatiava obras na Petrobrás – tenha
realizado a reforma, em 2011, como compensação por contratos no governo.
A
Operação Lava Jato identificou um dos responsáveis técnicos pelo estudo que
antecedeu o projeto de reforma do Sítio Santa Bárbara, no bairro Portão, zona
rural de Atibaia, o técnico de agrimensura Claudio Benatti. Os investigadores
também identificaram o contratante dos serviços técnicos, o empresário Jonas
Leite Suassuna Filho – que é dono oficial do sítio, desde outubro de 2010. Dono
do Grupo Gol de editoras, Suassuna foi sócio de um dos filhos do ex-presidente
e também proprietário do imóvel onde ele mora, em São Paulo.
Nesta
terça-feira, 12, o delegado Cesar de Freitas Xavier, da equipe da Lava Jato, em
Curitiba, determinou que Benatti, que é de Monte Alegre do Sul (SP), seja ouvido
por carta precatória. O nome do técnico foi apresentado aos investigadores da
PF pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA) de São Paulo, no
início do mês, após o órgão ser intimado a prestar esclarecimentos sobre
registros de obras realizadas na propriedade.
Benatti
foi responsável pelo levantamento planialtimétrico da área onde foi executada a
reforma. O CREA informou à PF, em ofício no dia 4 de janeiro, que além de
Benatti, assina a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) o empresário Jonas
Suassuna, como contratante dos serviços de Benatti.
“Em
relação ao Sítio Santa Bárbara, localizamos em nosso banco de dados a ART nº
92221220110091610 do Técnico em Agrimensura Claudio Benatti, sendo o
contratante Jonas Leite Suassuna Filho”, informa o Ofício 9642/2015, assinado
pelo secretário-geral do CREA-SP Nivaldo Bósio.
O
CREA encaminhou à PF cópia da ART em nome de Benatti, tendo como contratante o
empresário ligado à família de Lula. Pelo documento, o contrato é de 18 de
dezembro de 2010, com início de vigência dos serviços em 20 de janeiro de 2011.
No
despacho desta terça-feira, 12, o delegado Cesar Xavier intimou que o CREA
forneça mais dados sobre ARTs emitidas pelo órgão, tendo como contratante o
empresário Jonas Suassuna. E solicitou ainda ao Cartório de Registro de Imóveis
de Atibaia a matrícula do “Sítio Santa Bárbara” ou “Sítio Santa Denise” que
teria pertencido a Adalton e Neusa Santarelli.
Santa Bárbara
No
pedido de informações ao CREA apresentado pela Lava Jato no final de 2015, o delegado
Eduardo Mauat da Silva solicitou dados sobre o “Sítio Santa Denise”, em
Atibaia, em nome da família Santarelli.
Na
resposta do CREA, o órgão informou não ter registros da ART em tais nomes.
“Ressaltamos que realizamos pesquisas no site de busca ‘Google’ para obtenção
de informações a respeito do Sitio Santa Denise em Atibaia – SP e o referido
site automaticamente apresenta informações do Sitio Santa Bárbara em Atibaia –
SP.”
O
sítio Santa Bárbara pertencia à família Santarelli e está registrado atualmente
em nome de Jonas Suassuna. Em abril do ano passado, a Revista Veja publicou
reportagem em que apontou que a reforma do sítio foi executada pela OAS, em
2011, a pedido do ex-presidente Lula – que costuma frequentar o imóvel rural
para pescar. O responsável pelo serviço teria sido o ex-presidente da
empreiteira José Aldemário Pinheiro Filho, o Léo Pinheiro – preso pela Lava
Jato em novembro de 2014 e depois solto em abril de 2015.
A
OAS, procurada via assessoria de imprensa, informou que “a empresa não tem nada
a declarar sobre esses temas”.
O
empresário Jonas Suassuna não foi localizado para comentar o caso.
O
ex-presidente Lula foi procurado via assessoria de imprensa, mas não havia
respondido aos questionamentos até o fechamento desta reportagem.
MSN
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