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sábado, 28 de março de 2015

AGRICULTOR ARRASTA CRUZ DE MADEIRA POR 60 KM PARA PAGAR PROMESSA

Piauiense contou que há 20 anos um tumor apareceu em suas costas.

Procissão é acompanhada por romeiros de todas as regiões do Piauí.


A procissão é acompanhada por romeiros de todas as regiões do Piauí. Eles chegaram ao longo da semana de ônibus, a pé, de bicicleta e até de canoa. Dona Irinalva de Sousa Carvalho veio de São João da Varjota, interior do Piauí, com o filho José de 4 anos. Vestidos de roxo, ambos agradecem há dois anos a cura de uma doença que levou meses para ser diagnosticada como uma alergia.
“Aqui em Oeiras os médicos não descobriram o que meu filho tinha. Eu apeguei com Bom Jesus dos Passos e pedi sua cura, disse que caso ele me concedesse essa benção, enquanto eu vivesse eu caminharia aqui junto com José agradecendo. Fomos para Teresina e lá descobriram que ele tinha intolerância a lactose. Hoje, tirando o leite, meu filho come tudo e é saudável”, disse a romeira com os pés descalços e de roxo, também parte da penitência.
O agricultor Alcides acompanha o pagamento da promessa do amigo  (Foto: Pedro Santiago/G1)O agricultor Alcides acompanha o pagamento da
promessa do amigo (Foto: Pedro Santiago/G1)
A procissão teve início às 16h55 na Igreja do Rosário, onde a imagem do filho do Deus cristão carregando uma cruz dá o primeiro passo. No adro da igreja, milhares esperam pelo início do cortejo que levará a imagem do Jesus por todos os passos até chegar a Igreja Nossa Senhora da Vitória.

Antes disso, se dá o encontro da imagem de Nossa Senhora das Dores com a do filho maltratado pela via sacra. “Esse encontro simboliza a dor do encontro da mãe com o filho machucado. Ali, simboliza todas as mães que perderam o filho, que perderam um ente. É a maior dor que se pode sentir e muitas pessoas se emocionam, tomam aquela dor para si”, explicou o padre Kleiton.
Durante todo o trajeto da procissão, seu Joaquim Gonçalves segue puxando sua cruz de madeira atrás do Cristo ajoelhado. Ao seu lado, há 15 anos o também agricultor Alcides dos Santos, de 84 anos, acompanha o pagamento de promessa do seu conterrâneo, percorrendo a pé os 60 km que separam Dom Expedito Lopes de Oeiras.
“Eu já tinha amizade dele há muito tempo, somos nascidos e criados juntos. Os pés não sentem nenhum cansaço (pela viagem) que a vida ainda não tenha me dado. Faço isso porque gosto dele”, disse com simplicidade.
Capital da fé
Segundo o historiador Fonseca Neto, a Procissão do Bom Jesus dos Passos é a uma das mais antigas manifestações religiosas do Piauí, já existem referências que apontam que essa tradição possa ter começado no início do século 19. Neto, que também professor da Universidade Federal do Piauí, afirma que a apropriação do evento pela população e a atuação da igreja são fundamentais para explicar a grandiosidade da procissão.
“Em Oeiras tem muitas marcas do antigo, da colonização portuguesa, dessa mística cristã em torno do crucificado. Essas marcas ajudam a criar a força da tradição que vem de tantas e tantas gerações. Aqui, os passos são identificados pelas famílias que antes eram donas das capelas. Ou seja, o povo cultiva isso com muito cuidado. Isso ajuda a realçar a manifestação”, afirmou.
Para o professor, mais do que em livros e estudos sobre Oeiras e sua procissão, a história e religiosidade do povo oeirense está na memória coletiva das pessoas. “Toda essa expressividade religiosa é muito claro quando se está aqui, como o povo conduz como valores de identidade e pertencimento do ser oirense. Isso se transmite para outros como eu, que não sou daqui e já acompanho essa via sacra há 17 anos”, finalizou.

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